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Aumento da bilheteria na China atrai os EUA
Alta da arrecadação chinesa estimula Hollywood a coproduzir com o país
"Seremos o maior mercado do mundo", diz executivo chinês; censura oficial ainda atravanca a produção
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Nos anos 1980, quando o
Japão assombrava o mundo,
o Sr. Kesuke Miyagi encarnava a sabedoria oriental no
longa "Karate Kid".
Duas décadas depois, a arte marcial da terra do sol nascente deu lugar ao kung fu
chinês, e o professor agora se
chama Sr. Han e é interpretado por Jackie Chan.
Ambientada em Pequim, a
refilmagem de "Karate Kid",
prevista para estrear no Brasil em 27/8, resultou da surpreendente parceria entre
um estúdio norte-americano
(Sony Pictures, de capital japonês) e a estatal China Film,
em meio a tentativas de aproveitar o crescimento vertiginoso de bilheteria no país.
As vendas de ingressos aumentaram 80% nos primeiros seis meses deste ano, segundo o governo chinês.
Boa parte desse sucesso se
deve a produções de Hollywood como "Avatar", que arrecadou cerca de US$ 200 milhões aqui, a maior bilheteria
fora dos EUA. A frequência às
salas de cinema tem crescido
a taxas chinesas.
Em 2005, foram vendidos
50 milhões de ingressos. Para este ano, a expectativa é
chegar a 330 milhões.
A maioria das novas salas
está dentro dos imensos
shopping centers chineses.
Com a exceção da falta de
pipoca salgada, seguem o
mesmo padrão de qualquer
cinema de um país ocidental.
Para Jun Gao, gerente da
Beijing ShengShi HuaRi
Film, dona de um estúdio e
de 98 salas de cinema em todo o país (em 2005, eram 60),
o crescimento deste ano se
deve principalmente ao aumento do número de filmes
em cartaz -30 nesta semana
contra dez no mesmo período do ano passado.
"Em 15 anos, seremos o
maior mercado de cinema do
mundo", diz Jun, que aponta
a urbanização como um dos
motivos do crescimento. "De
agora em diante, a China é a
Hollywood oriental."
Mas o mercado chinês
também tem suas muralhas.
Uma delas é a rígida legislação, que permite apenas um
terço do tempo de projeção
para filmes estrangeiros, limitados a 20 estreias por ano.
Para driblar as restrições, a
Disney fez uma versão chinesa de "High School Musical".
Já a Fox rodou na China
"Dias Quentes de Verão".
Também há "importação"
de atores, como Kevin Spacey, que acaba de gravar um
filme bilíngue dirigido pelo
chinês Dayyan Eng.
Outra dificuldade é a censura oficial. "O governo chinês exerce um controle rígido sobre o que as pessoas
veem", afirma Jun. "Violência, pornografia e nudez estão proibidos."
Na versão chinesa do novo
"Karatê Kid", por exemplo,
ficou de fora o beijo entre os
atores mirins Jaden Smith e
Wenwen Han, o casal romântico do filme.
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