São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2011

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Obras de Brígida Baltar exploram o voo em nova mostra

Artista usa balanço vazio, um coro invisível e uma cadeira içada por cordas em vídeos

DO ENVIADO AO RIO

Um homem se senta numa cadeira amarrada a um sistema de cordas. Usando os próprios braços, ele se ergue, cadeira e tudo, até o teto e desaparece da cena, deixando um fio solitário solto no quadro.
Parece mesmo se definir pela ausência esse vídeo da artista Brígida Baltar, que retratou o próprio irmão na peça central de sua mostra agora em cartaz no Oi Futuro. Embora ela tente centrar a exposição em torno de discussões sobre o voo e mecanismos para flutuar, são ausências que pautam as obras, como o ato de voar que parte da anulação da gravidade.
Baltar filmou ainda uma regente diante de um coral invisível. Vindo de um palco sem ninguém, são 16 vozes entoando as duas sílabas da palavra "voar" numa composição um tanto diáfana, brisa em forma de canto que desafia a métrica da partitura.
Outra obra é a maquete de um teatro vazio. No palco, está a projeção de uma cena estranha, em que um balanço vai e volta sem ninguém diante de uma cortina com o céu estampado. Tudo pulsa numa leveza enganosa, a perda ou solidão mascarada no ato frívolo do vai e vem.
Ou no lugar de frivolidade, é a ideia de evocar alegria e confiança, palavras que Baltar mandou fazer em néon.
Mas "alegria" em vermelho e "confiança" em azul, elétricos, exageram na dose e denunciam ao mesmo tempo que tudo não passa de um artifício. Um pouco como o coro ausente que são só vozes dubladas em cena ou o voo que depende de cordas.
Na mesma toada artificial, Baltar constrói um elenco de formas estranhas, fundindo esculturas encontradas em antiquários, como uma de Eros e Psique, e penas, bolas de bilhar e outros objetos.
Baltar então põe em marcha um teatro de insólitos e absurdos, de personagens com vontade de voar. (SM)

BRÍGIDA BALTAR

QUANDO de ter. a dom., das 11h às 20h; até 28/8
ONDE Oi Futuro (r. Dois de Dezembro, 63, Rio)
QUANTO grátis


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