São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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FILMES

TV ABERTA

Pakula introduz burocracia em "O Dossiê Pelicano"

Crocodilo Dundee em Los Angeles
Globo, 16h15.
 
(Crocodile Dundee in Los Angeles). Austrália/EUA, 2001, 92 min. Direção: Simon Wincer. Com Paul Hogan, Linda Kozlowski, Jere Burns, Jonathan Banks. Tentativa de reviver o velho herói australiano, 13 anos após sua segunda e última aventura. Agora ele deve deixar a pequena cidade em que vive com a família e ir para Los Angels (EUA), pois deve assumir a direção do jornal que foi de seu pai. Filme que não conseguiu emplacar. Inédito.

Dinheiro Sangrento
Record, 23h.
 
(Blood Money - The Story of Clinton and Nadine). EUA, 1988, 94 min. Direção: Jerry Schatzberg. Com Andy Garcia, Ellen Barkin, Morgan Freeman, Michael Lombard. Com a ajuda da prostituta Nadine (Barkin), o contrabandista Jim Clinton (Garcia) tenta localizar os assassinos de seu irmão -que vêm a fazer parte de um grupo de militares reformados e dementes, que angariam fundos para financiar uma guerrilha na América Latina. Feito para TV a cabo por cineasta que chegou a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, por "O Espantalho". Enganou bem, mas, felizmente, por pouco tempo.

A Última Missão
Globo, 23h05.
  
(Last Run). Inglaterra/Hungria, 2000, 92 min. Direção: Anthony Hickox. Com Armand Assante, Ornella Muti, Jurgen Prochnow. Confronto entre espião americano e ex-espião da KGB russa, em que o primeiro basicamente protege o segundo de um terceiro espião russo. Hickox tem sido muito elogiado por cinéfilos de peso. Vamos ver se ele sobrevive a essas produções internacionais com capitais e atores do mundo inteiro. Inédito.

O Dossiê Pelicano
SBT, 0h30.
  
(The Pelican Brief). EUA, 1993, 141 min. Direção: Alan J. Pakula. Com Julia Roberts, Denzel Washington, Sam Shepard. Estudante de direito (Roberts) prepara dossiê sobre a morte de dois juízes da Suprema Corte. Ato contínuo, passa a ser perseguida. Só Denzel Washington tenta ajudá-la. Adaptação de romance de John Grisham. Com Grisham já se fez do melhor ("A Câmara") ao banal. Mas sempre há um brio, um ânimo. Pakula introduz ao subgênero aventura de advogado um desânimo e um espírito burocráticos que -à parte o roteiro confuso- tornam o filme insustentável.

Emmanuelle, Rainha da Galáxia
Bandeirantes, 1h.
 
(Emmanuelle: Queen of Galaxy). França, 1996, 95 min. Direção: L.L. Shapira. Com Krista Allen, Paul Michael Robinson. Rescaldo de "Emmanuelle, o Sentido do Amor", sobre as aventuras amorosas extraterrestres da heroína. A atriz não é nenhuma Sylvia Kristel, mas tem seu encanto.

Paixão e Sedução
SBT, 3h10.
  
(Better than Sex). Austrália, 2000, 81 min. Direção: Jonathan Teplitzky. Com David Wenham, Susie Poter, Kris McQuade. Jovens encontram-se em Sydney, sentem-se mutuamente atraídos, transam. Só não estava previsto o fato de se apaixonarem em seguida, já que ele é um fotógrafo londrino que estava na Austrália só de passagem. Daí derivam as situações desta comédia romântica.

Um Detetive Vidente
SBT, 4h30.
 
(Second Sight). EUA, 1989, 83 min. Direção: Joel Zwick. Com John Larroquette, Bronson Rinchot. Detetive serve-se dos poderes paranormais de um vidente, na tentativa de resolver um caso complicado. Mas o vidente é um tanto trapalhão, já que o filme é uma comédia. Não espere sorrir muito, no entanto. (IA)

TV PAGA

Há algo de inocente nas mulheres más de Fritz Lang

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O título brasileiro é perfeito para "Rancho Notorious": "O Diabo Feito Mulher". O único problema é que ele se aplica a praticamente todos os filmes de Fritz Lang. Entrevista com Fritz:
Pergunta: Por que o senhor não gosta de mulheres? Por que elas sempre são más nos seus filmes?
Resposta: Não é que eu não goste das mulheres. É que uma boa mãe, dona-de-casa, dificilmente daria uma boa personagem.
É por isso que Jean Renoir se divertia com Marlene Dietrich. Diz que ela era uma alemã bonachona, caseira, sem nada a ver com o tipo de "femme fatale" que criou e cultivou como ninguém.
Dietrich é o diabo feito mulher deste faroeste em que a falsidade dá o tom. Para começar, Arthur Kennedy é o homem que busca os assassinos de sua noiva. Para chegar ao reduto dos criminosos, deve se disfarçar de foragido. Os homens de Lang são, não raro, vingativos. Têm bons motivos para isso. Mas, de tanto alimentar o ódio, no fim podemos perguntar quem é o pior: se o perseguidor ou o perseguido. É tudo uma coisa só. O homem não tem jeito.
E a mulher também não, obviamente. Dietrich pode estar no saloon, fraudando a roleta. Ou num balcão: parece que o mundo a condena a não prestar. Mas, atenção, existe algo de humano nela, como na verdadeira Maria de "Metrópolis".
Na melhor cena do filme, quando Kennedy faz escorregar pelo balcão o broche que foi de sua noiva -a cena central da trama-, ao fim o rosto estarrecido de Dietrich revela uma espécie de estranha inocência. Uma inocência, afinal, feminina. Uma inocência a que não pode aceder o homem do também ótimo "A Agenda", de Laurent Cantent.


O DIABO FEITO MULHER. Quando: hoje (17h; 1h30), no Futura. A AGENDA. Quando: hoje (0h30), no Telecine Emotion.


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