São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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TV PAGA

"Guerra e Juventude" vê engajamento de Imai

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Poucas coisas são mais desiguais no mundo do que a distribuição de filmes. Na TV, em particular, os americanos dominam o mercado com tal desenvoltura que, às vezes, parece que nós é que somos os estrangeiros.
Daí, por favor, ninguém estranhe a insistência com o ciclo de filmes japoneses que passam nos Telecines atualmente. Não se trata de exotismo. O Japão tem (ou teve) uma das principais cinematografias do mundo -no mais, este ciclo pode ser um belo aquecimento, já que pode ser seguido por mostras capazes de dar a ver a grandeza desta cinematografia.
Por ora, somos como o cego que apalpa o elefante. Por exemplo: o que significa essa abundância de filmes nos anos 90 que retomam questões referentes à Segunda Guerra Mundial?
Já tivemos "Crianças de Nagasaki", de Heisuke Kinoshita, em que se representa o episódio da bomba atômica. Depois, veio "Rapsódia em Agosto", de Akira Kurosawa, em que o mestre propõe uma espécie de reencontro entre americanos e japoneses.
Hoje, Tadashi Imai narra em "Guerra e Juventude" (Telecine Emotion, 22h55) a história da jovem que procura saber por que a velha tia recusa-se a falar desde 1943. O pai é que lhe contará a história da tia, cujo marido, um pacifista, morreu em uma manifestação, em Hokkaido. Na ocasião, a tia estava grávida.
Outras desgraças virão. O essencial é que Imai parece conservar neste filme o olhar esquerdista de seu auge de carreira, nos anos 50. Imai foi, nos bons tempos, um comunista engajado, que, por isso, acabou fora dos grandes estúdios. Continuou a trabalhar como independente e assim chegou a este filme de 1991, que financiou, em parte, com dinheiro de subscrição pública. O comunismo pode ter murchado. Certos comunistas continuam firmes. É torcer para que tenha acertado a mão.

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