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TV PAGA
"Guerra e Juventude" vê engajamento de Imai
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Poucas coisas são mais desiguais no mundo do que a
distribuição de filmes. Na TV, em
particular, os americanos dominam o mercado com tal desenvoltura que, às vezes, parece que nós
é que somos os estrangeiros.
Daí, por favor, ninguém estranhe a insistência com o ciclo de
filmes japoneses que passam nos
Telecines atualmente. Não se trata
de exotismo. O Japão tem (ou teve) uma das principais cinematografias do mundo -no mais, este
ciclo pode ser um belo aquecimento, já que pode ser seguido
por mostras capazes de dar a ver a
grandeza desta cinematografia.
Por ora, somos como o cego que
apalpa o elefante. Por exemplo: o
que significa essa abundância de
filmes nos anos 90 que retomam
questões referentes à Segunda
Guerra Mundial?
Já tivemos "Crianças de Nagasaki", de Heisuke Kinoshita, em
que se representa o episódio da
bomba atômica. Depois, veio
"Rapsódia em Agosto", de Akira
Kurosawa, em que o mestre propõe uma espécie de reencontro
entre americanos e japoneses.
Hoje, Tadashi Imai narra em
"Guerra e Juventude" (Telecine
Emotion, 22h55) a história da jovem que procura saber por que a
velha tia recusa-se a falar desde
1943. O pai é que lhe contará a história da tia, cujo marido, um pacifista, morreu em uma manifestação, em Hokkaido. Na ocasião, a
tia estava grávida.
Outras desgraças virão. O essencial é que Imai parece conservar neste filme o olhar esquerdista
de seu auge de carreira, nos anos
50. Imai foi, nos bons tempos, um
comunista engajado, que, por isso, acabou fora dos grandes estúdios. Continuou a trabalhar como
independente e assim chegou a
este filme de 1991, que financiou,
em parte, com dinheiro de subscrição pública. O comunismo pode ter murchado. Certos comunistas continuam firmes. É torcer
para que tenha acertado a mão.
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