São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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TELEVISÃO

Programas leiloam animais, tapetes e jóias, transmitem depoimentos da CPI e mostram cotações do petróleo

Canais "diferentes" têm espectadores fiéis

FERNANDA DANNEMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Gente que é viciada em programa que vende tapetes, jóias e artigos de couro, que assiste à Bloomberg para acompanhar cotações do petróleo, que passa o dia vendo leilão de gado pela TV. São telespectadores com preferências no mínimo esquisitas quando se trata de programas de TV.
Gostam daqueles canais que aparentemente ninguém vê, mas que têm uma audiência fiel, embora na maioria das vezes não seja grande o bastante para que apareça na lista do Ibope dos 19 com maior alcance na TV paga.
Há até quem assista ao Chat TV, transmitido pela Net, que dá informações sobre a programação e exibe uma tela com mensagens enviadas, em sua maioria, por jovens via celular. O estudante paulistano Ricardo Albuquerque, 13, descobriu o Chat TV nas férias. "Acompanho os diálogos, são engraçados."
O carioca Gustavo Freitas, 37, consultor de informática em São Paulo, só dorme depois de olhar as cotações na Bloomberg Television, canal especializado em informações financeiras. "Se sobe lá fora, é sinal de que o preço da gasolina vai atrás, então encho o tanque do carro. Economizei muito no governo FHC", diz.
Pesquisa encomendada pela Bloomberg ao Ibope mostra que 52% dos executivos brasileiros assistem regularmente ao canal, que tem 200 milhões de assinantes no mundo -75% têm entre 25 e 44 anos e 28% têm renda mensal entre R$ 8.000 e R$ 24 mil.
O carioca Fábio de Barros, 19, estudante de relações internacionais, tinha nove anos quando assistiu ao canal de vendas Shoptime pela primeira vez. "Chegava da escola e ia ver o Shoptime. É engraçado quando algo dá errado, e o apresentador improvisa."
Foram tantos telefonemas e e-mails pedindo para conhecer os estúdios que o canal o convidou para participar de alguns programas como assistente de palco e, em 2003, ele bancou o apresentador por um mês durante o "reality show" "Loucos por Shoptime".
TV e política
O jornalista carioca Lédio Carmona, 40, trabalha de olho nas CPIs. "Minha televisão fica ligada na TV Câmara como um rádio."
Paulo José Cunha, diretor da TV Câmara, diz que recebe cerca de 3.000 mensagens via e-mail por mês, número que vem subindo desde que estourou a crise política no país. No período, os acessos à homepage da TV Senado passaram de 800 para até 38 mil.
O mineiro Cristiano Carvalho Lima, 27, estudante de direito em Belo Horizonte e futuro candidato a deputado estadual, sintoniza a TV Assembléia. Seu prazer é "vigiar" os parlamentares para fazer campanhas contra ou a favor. "Assim como na Grécia Antiga a democracia era exercida nas praças, hoje a TV permite que o povo se inteire sobre política", afirma.
O advogado carioca radicado em São Paulo, Leonardo Olinto, 34, também começou a assistir à TV Justiça em 2003 por motivos profissionais. "Assisto diariamente e tento convencer minha namorada a ver, mas ela não tem paciência", diz.

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