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TELEVISÃO
Programas leiloam animais, tapetes e jóias, transmitem depoimentos da CPI e mostram cotações do petróleo
Canais "diferentes" têm espectadores fiéis
FERNANDA DANNEMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Gente que é viciada em programa que vende tapetes, jóias e artigos de couro, que assiste à Bloomberg para acompanhar cotações
do petróleo, que passa o dia vendo leilão de gado pela TV. São telespectadores com preferências
no mínimo esquisitas quando se
trata de programas de TV.
Gostam daqueles canais que
aparentemente ninguém vê, mas
que têm uma audiência fiel, embora na maioria das vezes não seja
grande o bastante para que apareça na lista do Ibope dos 19 com
maior alcance na TV paga.
Há até quem assista ao Chat TV,
transmitido pela Net, que dá informações sobre a programação e
exibe uma tela com mensagens
enviadas, em sua maioria, por jovens via celular. O estudante paulistano Ricardo Albuquerque, 13,
descobriu o Chat TV nas férias.
"Acompanho os diálogos, são engraçados."
O carioca Gustavo Freitas, 37,
consultor de informática em São
Paulo, só dorme depois de olhar
as cotações na Bloomberg Television, canal especializado em informações financeiras. "Se sobe lá
fora, é sinal de que o preço da gasolina vai atrás, então encho o
tanque do carro. Economizei
muito no governo FHC", diz.
Pesquisa encomendada pela
Bloomberg ao Ibope mostra que
52% dos executivos brasileiros assistem regularmente ao canal, que
tem 200 milhões de assinantes no
mundo -75% têm entre 25 e 44
anos e 28% têm renda mensal entre R$ 8.000 e R$ 24 mil.
O carioca Fábio de Barros, 19,
estudante de relações internacionais, tinha nove anos quando assistiu ao canal de vendas Shoptime pela primeira vez. "Chegava
da escola e ia ver o Shoptime. É
engraçado quando algo dá errado, e o apresentador improvisa."
Foram tantos telefonemas e e-mails pedindo para conhecer os
estúdios que o canal o convidou
para participar de alguns programas como assistente de palco e,
em 2003, ele bancou o apresentador por um mês durante o "reality
show" "Loucos por Shoptime".
TV e política
O jornalista carioca Lédio Carmona, 40, trabalha de olho nas
CPIs. "Minha televisão fica ligada
na TV Câmara como um rádio."
Paulo José Cunha, diretor da TV
Câmara, diz que recebe cerca de
3.000 mensagens via e-mail por
mês, número que vem subindo
desde que estourou a crise política
no país. No período, os acessos à
homepage da TV Senado passaram de 800 para até 38 mil.
O mineiro Cristiano Carvalho
Lima, 27, estudante de direito em
Belo Horizonte e futuro candidato a deputado estadual, sintoniza
a TV Assembléia. Seu prazer é "vigiar" os parlamentares para fazer
campanhas contra ou a favor.
"Assim como na Grécia Antiga a
democracia era exercida nas praças, hoje a TV permite que o povo
se inteire sobre política", afirma.
O advogado carioca radicado
em São Paulo, Leonardo Olinto,
34, também começou a assistir à
TV Justiça em 2003 por motivos
profissionais. "Assisto diariamente e tento convencer minha
namorada a ver, mas ela não tem
paciência", diz.
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