São Paulo, sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"Força G"

Reunião de Disney com Bruckheimer resulta em fraca animação de ação

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Força G" representa o encontro entre dois pilares do cinema hollywoodiano: os estúdios Walt Disney e o produtor Jerry Bruckheimer. À primeira vista, parece um produto típico do primeiro: animais fofos contracenando com humanos em uma história de fundo moral. Mas aos poucos fica claro que o desenho tem a cara do segundo: um filme de ação incessante, cheio de cenas de perseguição, explosões e frases de efeito. Um Bambi anabolizado.
Na trama, um grupo de animais -três porquinhos da índia, uma toupeira e uma mosca- é treinado para trabalhar em espionagem. Quando o governo norte-americano ameaça cortar as verbas do programa, eles decidem mostrar serviço, desmascarando o plano de um bilionário que planeja dominar o mundo coordenando um ataque de eletrodomésticos aos humanos.
A insanidade da história não vem ao caso. A questão é como transformar a loucura em um passatempo. E a estratégia é puro Bruckheimer, o homem por trás de sucessos como "Top Gun", "Armageddon" e "Piratas do Caribe": não deixar muito tempo para o espectador pensar, apelar aos seus instintos mais básicos, usar os efeitos especiais para impressionar (incluindo o 3D neste caso).
Quando os três porquinhos da índia entram em uma espécie de automóvel feito de bolas de vidro e são perseguidos por humanos em carros de verdade, com direito a batidas, freadas e capotagens, não há dúvidas de que o rei do excesso Jerry Bruckheimer imprimiu sua marca também nas animações hollywoodianas.
"Força G", que chega ao Brasil com impressionantes 260 cópias, incluindo algumas 3D, é um filme que parece ignorar solenemente a lição dada nos últimos anos pelos desenhos animados da Pixar e, em menor grau, da Dreamworks: o diferencial não é a tecnologia, mas a inteligência. Bruckheimer foi responsável direto pela deseducação do olhar de milhões de espectadores adolescentes.
Agora é torcer para que ele não consiga fazer o mesmo com o público infantil. (RC)


FORÇA G

Direção: Hoyt Yeatman
Produção: EUA, 2009
Com: Bill Nighy, Will Arnett
Onde: Anália Franco, Boulevard Tatuapé, Bristol e circuito
Classificação: livre
Avaliação: ruim


Texto Anterior: Cinema/Estreias/Crítica/ "Arrasta-me para o Inferno": Diretor de "Homem-Aranha" volta ao básico com filme de terror
Próximo Texto: Cinema/Estreias: Brüno diz que foi pivô da separação Gisele-DiCaprio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.