São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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EUA dominam mais influentes do cinema

de Nova York

Nem assentou a poeira em torno da lista de clássicos do AFI, eis que desembarca nas livrarias "The Film 100 - A Ranking of The Most Influencial People in the History of Film" (Uma Lista das Pessoas Mais Influentes na História do Cinema, 320 págs., US$ 25,95). Organizado por Scott Smith, o volume faz parte da coleção criada pela Citadel Press há duas décadas a partir de "The 100", em que Michael Hart elencava as maiores personalidade da história.
A lista de Smith surgiu primeiro na Internet, na página www. film100.com, no ar desde junho de 1996. Smith a apresenta como uma obra em aberto, pronta para atualizações. Convida a todos a enviar sugestões por e-mail (scott@ film100.com). A condição é seguir seu critério: destacar "visionários do cinema" que influenciaram o maior número de pessoas.
A relação é um escândalo, sobretudo pela onipresença de Hollywood. Smith salva um pouco a cara apenas pelo pluralismo (inclui cineastas, técnicos, empresários e jornalistas) e pelo reconhecimento à contribuição feminina (13 mulheres marcam presença).
Smith diz ter evitado o eurocentrismo, mas estabelece um quase monopólio americano. Mesmo que se reconheça a importância colossal de Hollywood para história dos filmes, é difícil justificar que 92 dos escolhidos sejam americanos ou tenham ido trabalhar nos EUA.
A lista de omissões é encabeçada pela exclusão de gente do porte de Abel Gance, F. W. Murnau, François Truffaut, Jacques Cousteau, Luis Buñuel, Marlene Dietrich, Abel Gance, Roberto Rossellini e Satyajit Ray -se tamanho é fundamental, por que não o indiano, que se destacou na maior indústria do mundo?
Smith esquece ainda o trabalho essencial de preservação do patrimônio fílmico, que bem poderia ser simbolizado pelo pai da Cinemateca Francesa, Henri Langlois. Sem favor, até um brasileiro mereceria estar na lista, Alberto Cavalcanti, nome fundamental para as vanguardas européias e para o desenvolvimento do cinema documentário, a partir do trabalho na Inglaterra dos anos 30.
Mas parece bobagem gastar saliva -ou e-mails. Afinal, alguém que seleciona Siskel e Ebert, o magro e o gordo da crítica de cinema dos EUA, deve estar mesmo mais preocupado em ter esnobado Lassie, o mais humano dos animais no cinema. (AL)


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