São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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Exposição traz romantismo, modernismo e tropicalismo

da Sucursal do Rio

A exposição "Antropofagia?" -que será inaugurada hoje-, organizada pela arquiteta Gisela Magalhães, vai não só mostrar obras de artistas do romantismo, do modernismo e do tropicalismo, mas indagar de que forma a antropofagia foi retratada nesses movimentos.
A mostra ocupará três salas do Museu da República. Na primeira, Gisela fez a representação de uma selva onde estarão "O Último Tamoio", de Rodolfo Amoedo, que mostra um índio morrendo nas mãos de um europeu, contraposto a reproduções de cartografias européias do século 16, com imagens antropófagas, que ocuparão grande parte do espaço.
Na mesma sala, estarão expostos os manuscritos da obra "Serafim Ponte Grande", de Oswald de Andrade, e o livro "Há uma Gota de Sangue em Cada Poema", de Mário de Andrade, do acervo de José Mindlin, que os trará pessoalmente hoje, durante a inauguração da mostra.
Livros do acervo da Fundação Casa de Ruy Barbosa, do Rio de Janeiro, e peças indígenas do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista também serão expostos nessa sala.
Gisela acredita que "mais importante do que mostrar produções artísticas, uma exposição deve passar o conceito do que está sendo exposto".
Assim, para transmitir a "linguagem que retratou a antropofagia no romantismo, modernismo e tropicalismo", ela pontuou a exposição com diversas frases de artistas de cada movimento. Além disso, as salas terão sonorização "para dar o clima" do que estiver sendo mostrado.
Na primeira, dedicada ao romantismo, são as frases "Eu é um outro", de Arthur Rimbaud, e "I-Juca-Pirama" ("O que há de ser morto e é digno de ser morto") que estarão impressas nas paredes.
A sonorização fica por conta da gravação do poema "I-Juca-Pirama", declamada pelo ator Affonso Drumond, com a ópera "O Guarani", de Carlos Gomes, ao fundo.
Na segunda sala, dedicada ao modernismo, sob a égide de "Tupy or not Tupy", de Oswald de Andrade, e ao som de "Sampa", de Caetano Veloso, será recriada uma paulicéia desvairada com os arranha-céus de São Paulo trazendo representações de figuras ilustres do movimento modernista de 22 em suas janelas.
É nesse espaço que estará o "Estudo sobre Antropofagia", de Tarsila do Amaral.
Fechando a mostra, a terceira sala traz impressa em suas paredes a "Geléia Geral", de Torquato Neto, que, musicada por Gilberto Gil, também servirá de fundo musical junto com "Divino Maravilhoso" e "Tropicália".
Retratando o tropicalismo, estarão obras de Antônio Dias, como o "Glutão", de 1965, e de Rubens Gerchman, como "Lindonéia", em plotter.
Durante a exposição, serão exibidos filmes em vídeo cujos temas possam ser associados à antropofagia, entre eles "Como Era Gostoso o Meu Francês", de Nelson Pereira dos Santos, e "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade.
Ainda serão realizadas conferências para mostrar ao público o universo antropofágico de Oswald de Andrade e o modernismo brasileiro e também discutir o conceito de antropofagia no teatro e nas artes plásticas.


Exposição: Antropofagia?
Onde: Museu da República (r. do Catete, 153, primeiro piso do Palácio do Catete, tel. 021/285-6320)
Quando: de hoje até 20 de setembro; de terça a sexta, das 12h às 17h, sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h Quanto: R$ 3 (quarta-feira a entrada é franca)



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