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O outsider Loop B assimila o tecno
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouca gente conhece Lourenço
Prado Brasil (ou melhor, Loop B),
46, mas ele é, mesmo sem querer,
um dos precursores da onda eletrônica brasileira.
Influenciado por Hermeto Pascoal e pelo rock industrial dos
anos 80, Loop B assimilou e foi assimilado pela cultura tecno. Ele
mostra isso amanhã, no Sesc
Pompéia, quando lança o álbum
independente "de onde.*". Conheça um pouco da história de
Loop B na entrevista a seguir.
Folha - Você pode fazer um resumo da sua trajetória profissional?
Loop B - Nos anos 70, comecei
com percussão, já tocando uns
instrumentos diferentes, influenciado por Hermeto Pascoal. Em
80 fui pra Paris e tomei contato
com a música eletroacústica.
Quando voltei, formei o grupo
Lendas, de música experimental.
Depois, em 85, veio o Kumbai Nidada, utilizando mais a eletrônica
e a percussão com grandes instrumentos de sucata, influenciado
por Einstürzende Neubauten.
Chamávamos nosso som de pós-industrial primitivo.
Em 91, comecei um trabalho solo, já como Loop B. Em 92 saiu
meu primeiro álbum, "Midnight
Mirage". Fiz também um álbum
lançado só em cassete, "Techno
Totem". Foi uma época difícil.
"Spray", o primeiro em CD, só
veio em 97. Então pintaram convites para trabalhos com Ira!, Stela Campos, Rebeca Matta.
Folha - Quando experimentava
música com sucata, você imaginava que seu trabalho iria se integrar
a um cenário maior?
Loop B - Não, na época do Kumbai achávamos que nosso som
sempre seria para poucos. Não
dava para imaginar que haveria
essa grande onda eletrônica. Se tivesse parado no tempo, estaria
completamente sem espaço, porque aquele underground do início
dos anos 90 não existe mais.
Folha - A transição foi fácil ou você teve de fazer algum esforço?
Loop B - Foi tranquilo. No novo
CD, alguns novos caminhos ainda
precisam amadurecer e outros
vão ser descartados. De qualquer
forma, nunca fui muito ligado a
um só estilo de música eletrônica.
Folha - O que o uso de percussão
em sucata significava?
Loop B - Os instrumentos de sucata possuem grande força no aspecto performático. Isso se manteve. Os significados mudaram,
porque o contexto mudou. Dentro de uma música mais pesada,
como a anterior, a sucata reforçava o lado agressivo. No trabalho
atual, tem um significado mais lúdico. Agora posso explorar uma
faixa maior de timbres, incluindo
os mais sutis.
Folha - MPB e tecno se misturam?
Loop B - A MPB pode se fundir a
qualquer estilo de música eletrônica, rendendo coisas legais para
ambos os lados. Nos trabalhos
mais MPB, uma revigorada no estilo, que está precisando de sangue novo. Nos trabalhos mais eletrônicos, pode render uma musica eletrônica com uma cara brasileira, o que me parece muito legal.
Acho meu CD ainda tímido nesse aspecto.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Show: Loop B
Onde: choperia do Sesc Pompéia (r.
Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quando: amanhã, às 21h30
Quanto: R$ 10
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