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CINEMA
"O Coronel e o Lobisomem" filma em Minas Gerais, que surge como alternativa às paisagens nordestinas e do eixo Rio-SP
Produções brasileiras ensaiam nova geografia nas telas
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de chegar ao estúdio no
Rio de Janeiro, as filmagens de "O
Coronel e o Lobisomem" passaram por Minas Gerais, com cenas
rodadas na capital, Belo Horizonte, e na cidade de Tiradentes (a
190 km de BH), que serve de cenário à fazenda Sobradinho, domínio imobiliário e afetivo do protagonista Ponciano (Diogo Villela).
Pelo calendário de produção, o
longa de Maurício Farias terá sua
última cena filmada no próximo
dia 30. O lançamento deve ocorrer em junho do ano que vem, reforçando uma tendência "geográfica" nas telas brasileiras -a opção por paisagens mineiras começa a dividir espaço com os territórios conhecidos do Nordeste e do
eixo Rio-São Paulo.
Pertencem a essa safra de produções "estrangeiras" rodadas
em Minas Gerais os dois grandes
premiados do Festival de Gramado deste ano (16/8 a 21/8): "Vida
de Menina", de Helena Solberg,
vencedor do Kikito de melhor filme, e "Filhas do Vento", de Joel
Zito Araújo, eleito melhor diretor.
Ambos ainda não têm data de
estréia fixada e é provável que só
cheguem aos cinemas em 2005.
Postes
Solberg ambientou seu longa na
cidade de Diamantina (a 292 Km
de Belo Horizonte), local onde a
protagonista, Helena Morley, autora do livro "Minha Vida de Menina", no qual o filme se baseia,
viveu a infância, no século 19.
"Tivemos um trabalho grande",
diz a cineasta, citando que foi necessário até retirar postes de luz,
incompatíveis com a época retratada no filme. Mas a diretora ressalta como ponto positivo da experiência "a participação grande
da população da cidade" seja no
envolvimento da mão-de-obra de
artesãos, carpinteiros e pintores,
seja na escalação dos aproximadamente 300 figurantes vistos em
cena.
"Minas Gerais é uma locação
di3ferente das paisagens brasileiras que nos acostumamos a ver no
cinema. O governo deveria investir nisso", diz Solberg.
A Secretaria de Cultura de Minas Gerais tenta mostrar que está
atenta ao potencial de divulgação
turística e aquecimento das economias locais que o cinema pode
representar preparando um site
de divulgação das características
do Estado e de facilidades oferecidas para filmar em suas regiões.
O secretário de Cultura, Luiz
Roberto Nascimento Silva, diz
que o apoio governamental pode
ser feito "com uma série de ações
não-monetárias". Ele cita a negociação com as administrações
municipais para a interdição de
ruas e praças e o fornecimento de
energia elétrica sob medida para
as equipes de filmagem como
exemplos de apoios possíveis.
Sem excluir a possibilidade de
atração internacional pelo Estado,
a página que deverá entrar no ar
em outubro será bilíngüe.
Potencial
Zito Araújo filmou em Lavras
Novas, distrito de Ouro Preto,
com a impressão de que o governo mineiro "ainda não despertou" para o potencial do Estado
como cenário de filmes.
O diretor conta que a escolha do
local foi feita a partir de um levantamento que identificou 19 cidades mineiras localizadas a média
distância de Belo Horizonte e do
Rio de Janeiro. A facilidade para
deslocamento do elenco, que
muitas vezes mantém compromissos profissionais paralelos às
filmagens, é aspecto importante
na definição das locações.
Zito Araújo diz que "a interação
com a comunidade" de Lavras
Novas foi tão grande que resultará
num documentário, de Luciana
Burlamaqui, responsável pelo registro dos bastidores (making of)
de "Filhas do Vento".
(SA)
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