São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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CHIMERA ROCK

Banda faz show de apenas 1 hora e 20 minutos, mas levanta as 80 mil pessoas que encheram o estádio

Linkin Park é curto, mas reforçado na energia

DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos maiores eventos musicais do ano, em público, o show da banda californiana Linkin Park, no sábado, no Morumbi, foi, ao mesmo tempo, uma das apresentações mais curtas de 2004. Pontualmente às 22h, a principal atração da primeira noite do Chimera Music subiu ao palco para tocar por apenas uma hora e 20 minutos para 80 mil pessoas, segundo a produção.
A apresentação foi eficiente. Linkin Park fez dos 80 minutos de show uma experiência intensa. Sem intervalos entre as 20 músicas tocadas, fez a platéia pular e cantar sem parar, compensando a brevidade da apresentação.
O som é um pouco plástico, artificial. De tão ensaiado e preparado que é, às vezes chega a parecer um playback. Nenhum dos instrumentos erra, se destaca, desafina ou sai do tom, é tudo tão perfeito e igual à gravação original que chega a tirar a graça do show.
Mas as dezenas de milhares de fãs que enchiam o Morumbi pareciam não se importar, e fizeram o diferencial da noite. Empolgados com a primeira vinda de um dos maiores ícones do nu-metal, não pararam de cantar, pular, gritar e aplaudir os músicos. Os "clássicos" do grupo, músicas mais populares graças às rádios e TVs do mundo, "Numb", "Faint", "In the End" e "Crawling" (que já rendeu um Grammy à banda), foram acompanhadas em enorme coro nas arquibancadas e no campo.
O ponto forte da banda é mesmo a potência do som pesado e embalado com batidas que variam do heavy metal ao hip hop. Guitarra, baixo e bateria formam um som único e bastante pesado, e só quem consegue algum destaque é o toca-dicos -com direito a um pequeno solo.
Ao contrário da abertura da noite, com os santistas da Charlie Brown Jr., em que o destaque está na improvisação e na interação com o público, os vocalistas Chester Bennington e Mike Shinoda se dirigem poucas vezes à platéia. Pediram a participação em algumas músicas, como "Step Up", e fizeram a politicagem tradicional afirmando que era o melhor show da vida deles.

Programa família
Mesmo sendo considerada uma grande atração para adolescentes, ao vivo, o Linkin Park se tornou um programa de fim de semana para famílias não só de São Paulo, mas também do Rio, Brasília e até Vitória (ES). Por todo o estádio era possível ver pais, mães e tios, já na casa dos 40 anos, que nem conheciam a banda, mas que foram até o Morumbi e pagaram cerca de R$ 100 por ingresso.
O consultor Roberto Machado, 61, veio de Brasília trazendo o filho e amigos -todos com 15 anos- apenas para ver o Linkin Park. "Nunca tinha nem ouvido falar. É um som mais da meninada", disse, enquanto se afastava do palco sozinho. Os garotos estavam no meio da platéia, e ele ia ficar de longe "para não pagar mico", afirmou.
O analista de sistemas Sergio Proveti, 44, disse que até gosta da banda, mas foi mesmo ao show para acompanhar os filhos. Eles vieram de Vitória, numa caravana de 36 pessoas que viajaram 14 horas só por causa da banda.
Em comum, todos os pais conheciam Linkin Park por tabela. "São eles quem controlam o som do carro", explicou o médico Décio Blücher, 42, que acompanhava o filho Luís, de apenas 11 anos.


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