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CHIMERA ROCK
Banda faz show de apenas 1 hora e 20 minutos, mas levanta as 80 mil pessoas que encheram o estádio
Linkin Park é curto, mas reforçado na energia
DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos maiores eventos musicais do ano, em público, o
show da banda californiana Linkin Park, no sábado, no Morumbi, foi, ao mesmo tempo, uma das
apresentações mais curtas de
2004. Pontualmente às 22h, a
principal atração da primeira noite do Chimera Music subiu ao palco para tocar por apenas uma hora e 20 minutos para 80 mil pessoas, segundo a produção.
A apresentação foi eficiente.
Linkin Park fez dos 80 minutos de
show uma experiência intensa.
Sem intervalos entre as 20 músicas tocadas, fez a platéia pular e
cantar sem parar, compensando a
brevidade da apresentação.
O som é um pouco plástico, artificial. De tão ensaiado e preparado que é, às vezes chega a parecer
um playback. Nenhum dos instrumentos erra, se destaca, desafina ou sai do tom, é tudo tão perfeito e igual à gravação original
que chega a tirar a graça do show.
Mas as dezenas de milhares de
fãs que enchiam o Morumbi pareciam não se importar, e fizeram o
diferencial da noite. Empolgados
com a primeira vinda de um dos
maiores ícones do nu-metal, não
pararam de cantar, pular, gritar e
aplaudir os músicos. Os "clássicos" do grupo, músicas mais populares graças às rádios e TVs do
mundo, "Numb", "Faint", "In the
End" e "Crawling" (que já rendeu
um Grammy à banda), foram
acompanhadas em enorme coro
nas arquibancadas e no campo.
O ponto forte da banda é mesmo a potência do som pesado e
embalado com batidas que variam do heavy metal ao hip hop.
Guitarra, baixo e bateria formam
um som único e bastante pesado,
e só quem consegue algum destaque é o toca-dicos -com direito a
um pequeno solo.
Ao contrário da abertura da
noite, com os santistas da Charlie
Brown Jr., em que o destaque está
na improvisação e na interação
com o público, os vocalistas Chester Bennington e Mike Shinoda se
dirigem poucas vezes à platéia.
Pediram a participação em algumas músicas, como "Step Up", e
fizeram a politicagem tradicional
afirmando que era o melhor show
da vida deles.
Programa família
Mesmo sendo considerada uma
grande atração para adolescentes,
ao vivo, o Linkin Park se tornou
um programa de fim de semana
para famílias não só de São Paulo,
mas também do Rio, Brasília e até
Vitória (ES). Por todo o estádio
era possível ver pais, mães e tios,
já na casa dos 40 anos, que nem
conheciam a banda, mas que foram até o Morumbi e pagaram
cerca de R$ 100 por ingresso.
O consultor Roberto Machado,
61, veio de Brasília trazendo o filho e amigos -todos com 15
anos- apenas para ver o Linkin
Park. "Nunca tinha nem ouvido
falar. É um som mais da meninada", disse, enquanto se afastava
do palco sozinho. Os garotos estavam no meio da platéia, e ele ia ficar de longe "para não pagar mico", afirmou.
O analista de sistemas Sergio
Proveti, 44, disse que até gosta da
banda, mas foi mesmo ao show
para acompanhar os filhos. Eles
vieram de Vitória, numa caravana
de 36 pessoas que viajaram 14 horas só por causa da banda.
Em comum, todos os pais conheciam Linkin Park por tabela.
"São eles quem controlam o som
do carro", explicou o médico Décio Blücher, 42, que acompanhava o filho Luís, de apenas 11 anos.
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