São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

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"Nó" amarra desejos no palco

DA REPORTAGEM LOCAL

"Nó", o espetáculo que Deborah Colker e sua companhia estréiam no dia 23 no Teatro Alfa, em São Paulo, onde ficam em cartaz até 2 de outubro, teve, quem diria, sua nascente na Alemanha. O embrião foi "Ela", coreografia que Colker fez a convite do balé da Komische Oper de Berlim, em fevereiro de 2003, e apresentada então como prólogo para a versão alemã de "Casa".
""Ela" foi como um contraponto a "Casa", que era um espetáculo concreto, sobre ações do cotidiano. Foi uma coreografia sobre a condição humana, o desejo, uma idéia que se desenvolveu e virou "Nó". Esta coreografia é uma tradução, em movimentos, da necessidade de mergulhar no desejo", explica Colker, que investiu mais de dois anos na criação de "Nó".
Não à toa, "Nó" estreou no dia 5 de maio no Festival de Wolfsburg, na Alemanha. Ficou três meses em cartaz no Rio, onde estreou no dia 3 de junho, e também teve apresentações em Brasília.
O espetáculo é dividido em duas partes: na primeira, Colker coloca no palco uma árvore -elemento que já estava em "Ela"- feita com 120 cordas rústicas. Os 16 bailarinos em cena, incluindo a coreógrafa, desmancham a árvore, fazendo nós em duos, trios etc., aprendidos com um marinheiro e um especialista alemão em "bondage", técnica de amarrações para controle da dor e do prazer. A trilha sonora mistura guitarras, harpa e Ravel.
"À medida que os bailarinos desfazem alguns nós, a árvore se torna uma espécie de floresta de cordas, entre as quais eles dançam. E parece que há, neste momento, cem bailarinos em cena", conta a coreógrafa.

Vermelho
Na segunda, as cordas dão lugar a uma caixa transparente, de alumínio vermelho, criada por Gringo Cardia, e semelhante às vitrines das strippers e afins do Red Light District, de Amsterdã, ou ainda da Reeperbahn, de Hamburgo.
Os figurinos de Alexandre Herchcovitch seguem na mesma clave sensual: as malhas cor da pele tem cavas e detalhes em preto, parecidos com pêlos. Iniciado ao som de Chet Baker, com "My One and Only Love", o ato tem desfecho com Elizeth Cardoso cantando "Preciso Aprender a Ser Só".
"No primeiro ato estão presentes os desejos mais silenciosos, que se encontram nas fronteiras das leis humanas, no contrato claro entre quem domina e quem é dominado. No segundo, a vitrine é um ícone do mundo do desejo contemporâneo, do que se vê, mas nem sempre se pode ter", descreve a bailarina. (ES)



Onde:
Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0/ xx/11/5693-4000)
Quando: 23 e 24/9, às 21h; 25/9, às 18h; 28, 29, 30/9 e 1º/10, às 21h; e 2/10, às 18h
Quanto: R$ 70 (setor 1), R$ 60 (setor 2), R$ 50 (setor 3) e R$ 30 (setor 4)


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