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"Nó" amarra desejos no palco
DA REPORTAGEM LOCAL
"Nó", o espetáculo que Deborah Colker e sua companhia estréiam no dia 23 no Teatro Alfa,
em São Paulo, onde ficam em cartaz até 2 de outubro, teve, quem
diria, sua nascente na Alemanha.
O embrião foi "Ela", coreografia
que Colker fez a convite do balé
da Komische Oper de Berlim, em
fevereiro de 2003, e apresentada
então como prólogo para a versão
alemã de "Casa".
""Ela" foi como um contraponto
a "Casa", que era um espetáculo
concreto, sobre ações do cotidiano. Foi uma coreografia sobre a
condição humana, o desejo, uma
idéia que se desenvolveu e virou
"Nó". Esta coreografia é uma tradução, em movimentos, da necessidade de mergulhar no desejo",
explica Colker, que investiu mais
de dois anos na criação de "Nó".
Não à toa, "Nó" estreou no dia 5
de maio no Festival de Wolfsburg,
na Alemanha. Ficou três meses
em cartaz no Rio, onde estreou no
dia 3 de junho, e também teve
apresentações em Brasília.
O espetáculo é dividido em duas
partes: na primeira, Colker coloca
no palco uma árvore -elemento
que já estava em "Ela"- feita
com 120 cordas rústicas. Os 16
bailarinos em cena, incluindo a
coreógrafa, desmancham a árvore, fazendo nós em duos, trios etc.,
aprendidos com um marinheiro e
um especialista alemão em "bondage", técnica de amarrações para
controle da dor e do prazer. A trilha sonora mistura guitarras, harpa e Ravel.
"À medida que os bailarinos
desfazem alguns nós, a árvore se
torna uma espécie de floresta de
cordas, entre as quais eles dançam. E parece que há, neste momento, cem bailarinos em cena",
conta a coreógrafa.
Vermelho
Na segunda, as cordas dão lugar
a uma caixa transparente, de alumínio vermelho, criada por Gringo Cardia, e semelhante às vitrines das strippers e afins do Red
Light District, de Amsterdã, ou
ainda da Reeperbahn, de Hamburgo.
Os figurinos de Alexandre
Herchcovitch seguem na mesma
clave sensual: as malhas cor da pele tem cavas e detalhes em preto,
parecidos com pêlos. Iniciado ao
som de Chet Baker, com "My One
and Only Love", o ato tem desfecho com Elizeth Cardoso cantando "Preciso Aprender a Ser Só".
"No primeiro ato estão presentes os desejos mais silenciosos,
que se encontram nas fronteiras
das leis humanas, no contrato claro entre quem domina e quem é
dominado. No segundo, a vitrine
é um ícone do mundo do desejo
contemporâneo, do que se vê,
mas nem sempre se pode ter",
descreve a bailarina.
(ES)
Nó
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco
de Andrade Filho, 722, Santo Amaro,
tel. 0/ xx/11/5693-4000)
Quando: 23 e 24/9, às 21h;
25/9, às 18h; 28, 29, 30/9
e 1º/10, às 21h; e 2/10, às 18h
Quanto: R$ 70 (setor 1), R$ 60 (setor 2),
R$ 50 (setor 3) e R$ 30 (setor 4)
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