São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

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JAZZ

Show do pianista, amanhã, em SP, terá participação especial de João Bosco

Rubalcaba dedilha tradição cubana

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Já se foram quase 15 anos desde a primeira apresentação do pianista cubano Gonzalo Rubalcaba no Brasil. Naquele começo dos anos 90, deixar Cuba e se firmar na cena jazzística eram apenas projetos do pianista.
O Rubalcaba que se apresenta amanhã, no teatro Alfa, em São Paulo, já é virtuose consagrado e respeitado. Quem conhece a música do pianista sabe que ele nunca se esquece da força sonora afro-cubana, mas sempre dando especial atenção à importância da tradição jazzística.
O músico, de 43 anos, que agora mora nos Estados Unidos, se esquiva quando questionado sobre temas políticos. Seu assunto é a música. "A música cubana e a música brasileira contêm elementos, substâncias e tradições semelhantes, tratados, manipulados e vividos de uma forma muito autêntica em cada país", disse o pianista cubano.
Apesar de não antecipar o repertório da apresentação de amanhã, o pianista gosta de misturar standards do jazz e composições próprias marcadas pela tradição rítmica de Cuba -fórmula que já lhe rendeu um Grammy Latino, em 2002, por seu álbum "Supernova", além de algumas outras indicações ao prêmio.
A proximidade do pianista cubano com a música brasileira é antiga, tendo rendido parcerias nos palcos com nomes como Ivan Lins e João Bosco -este último está programado para fazer uma participação especial no show de amanhã.

Brasilidade
"Eu nasci em 1963 e desde então por uma ou outra via, talvez não com a assiduidade suficiente, escutei a música dos grandes intérpretes e compositores da música brasileira dos anos 60, 70 e 80", conta ele, mencionando uma longa lista que passa por Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti e Villa-Lobos.
Filho do também conhecido pianista cubano Guilhermo Rubalcaba, ele apareceu para o mundo do jazz ainda na década de 80, pelas mãos do lendário trompetista norte-americano Dizzy Gillespie (1917-1993), que sempre foi admirador e divulgador da música caribenha.
Aos mais atentos, não passa despercebida em sua música também influências de grandes nomes do teclado, como Bill Evans e Thelonious Monk.
Desde sua primeira visita ao Brasil, Rubalcaba já participou de vários festivais de jazz por aqui, como os extintos Heineken Concerts e Free Jazz, fazendo seu nome bem conhecido entre os que acompanham a movimentação jazzística no país.

Elogio
Em 1993, quando Rubalcaba veio ao Brasil com outras grandes figuras do jazz para uma homenagem a Tom Jobim, foi agraciado com um elogio no mínimo estranho: o também pianista Herbie Hancock disse ter vontade de quebrar os dedos do cubano, de tão bem que ele tocava.
Ao falar das músicas cubana e brasileira, Rubalcaba diz que "existe um sabor e inteligência rítmica-sonora que nos identifica, através da força lírica, mística, harmoniosa, sensual que define nossos povos".


Gonzalo Rubalcaba
Quando:
amanhã, às 21h
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, SP, tel. 0/ xx/11/5693-4000)
Quanto: de R$ 30 a R$ 120


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