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Última Moda
ALCINO LEITE NETO, em Nova York - ultima.moda@folha.com.br
Dono da Diesel investe no Brasil
Renzo Rosso virá a São Paulo em fevereiro de 2008 para inaugurar a nova loja da grife nos Jardins
Divulgação
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O empresário italiano Renzo Rosso, proprietário da Diesel e grifes como Vivienne Westwood, posa em rua de Nova York
O empresário italiano Renzo
Rosso é um dos nomes superpoderosos da moda mundial.
Ele é dono da Diesel, a cobiçada
marca de jeanswear, e também
da empresa Staff International
-proprietária de importantes
grifes do prêt-à-porter internacional: DSquared2, Sophia Kokosalaki, Vivienne Westwood e
Maison Martin Margiela.
Em fevereiro do próximo
ano, Rosso, 52, estará no Brasil
para a inauguração de uma nova loja da Diesel, nos Jardins,
em São Paulo. A loja é o primeiro passo de uma sociedade arquitetada por ele e o empresário brasileiro Esber Hajli, que
trouxe a marca para o país.
Na entrevista a seguir, feita
em Nova York, Rosso conta que
não descarta a idéia de produzir
os jeans Diesel em terras brasileiras, no futuro. E afirma que a
corrupção e os altos impostos
de importação são os fatores
que mais desestimulam os investimentos das grifes estrangeiras no Brasil.
Rosso conversou com a Folha na loja da Diesel do Soho,
no último sábado. No mesmo
dia, a grife -que conta com o
brasileiro Icarius de Menezes
na equipe de criação coordenada por Wilbert Das- fez seu
desfile na semana de moda de
Nova York, mostrando uma coleção sexy e divertida, em que
os jeans foram coadjuvantes.
FOLHA - Como o sr. recebeu a decisão de Valentino de se aposentar do
mundo da moda?
RENZO ROSSO - É uma grande
perda para a Itália e para a moda, porque ele deu uma incrível
contribuição. Mesmo recentemente, quando tinha uma equipe enorme atuando com ele, o
seu toque era fundamental no
design das roupas.
FOLHA - Qual é o lugar da Diesel na
moda italiana?
ROSSO - Penso que a Diesel é
mais que a moda italiana: é talvez a primeira companhia de
moda do país de alcance realmente global. O sucesso que tivemos não foi apenas em um
país e servimos de protótipo
para as marcas italianas pensarem sua expansão globalmente.
FOLHA - O sr. disse certa vez que a
Itália era entediante e que preferia a
cultura americana. Ainda pensa dessa maneira?
ROSSO - Eu me referia à educação italiana de moda. Nossas
escolas de moda não são tão
fortes nem dão tantas informações como as escolas belgas,
britânicas ou francesas. Elas
precisariam fornecer mais cultura aos seus estudantes. Porque, quando você se aproxima
da moda, é preciso ter conhecimentos básicos em termos de
arte, por exemplo. As pessoas
na Itália são talentosas, mas, se
tivéssemos uma educação mais
forte, seríamos ainda melhores.
FOLHA - O que o sr. pensa da fast
fashion?
ROSSO - É uma moda para todos. É também para as pessoas
que querem ser "cool" num
tempo bem curto. A vida é muito breve, e ela empurra para um
caminho frenético, onde você
quer fazer o maior número de
coisas no menor tempo possível. A fast fashion atende, na
moda, ao desejo de velocidade.
FOLHA - Qual é o segredo de um
bom jeans?
ROSSO - É difícil fazer um bom
jeans. Todas as marcas de luxo
tentam fazê-lo, mas não conseguem porque não têm know-how. Muitas delas, por isso, batem à nossa porta, para que a
Diesel produza para eles. Para
fazer um bom jeans, você tem
de ter a expertise, além de máquinas especiais e de um certo
tipo de postura. Nós nunca tentamos produzir algo só para fazer dinheiro. É preciso manter
parâmetros de qualidade e de
criatividade. O segredo é escolher os melhores produtos,
usar a melhor tecnologia e não
aceitar compromissos que coloquem em risco esses padrões.
FOLHA - O sr. conhece alguma grife
brasileira de jeanswear?
ROSSO - Sim, estive na loja da
Forum e conheço também a
Ellus. Os jeans dessas grifes são
suficientemente bons como
produtos de marcas brasileiras.
FOLHA - O que eles precisam para
ter o sucesso que a Diesel alcançou?
ROSSO - Precisam investir
muito dinheiro em recursos,
porque, se você for visitar nossa
companhia, verá as pessoas trabalhando incessantemente em
protótipos e mais protótipos
que talvez só sejam usados daqui a dez anos. Também investimos muito em tecnologia.
Cerca de 50% de nosso aparato
tecnológico foi produzido por
técnicos da própria companhia,
em decorrência de nossas necessidades de evolução.
FOLHA - Por que o mercado brasileiro não é tão atrativo para as marcas internacionais de moda, como a
China e a Rússia são, atualmente?
ROSSO - Porque vocês têm impostos muito altos para os produtos importados e também
porque ainda há muita corrupção em todos os países da América Latina.
FOLHA - O sr. teve problemas com
corrupção no Brasil?
ROSSO - Não diretamente, porque trabalhamos com um distribuidor no país.
FOLHA - O Brasil é importante para
o seu negócio?
ROSSO - Muito. O status de
nossa marca no mercado brasileiro é muito alto. Esber Hajli
[distribuidor da Diesel no Brasil e agora sócio de Rosso] fez
um trabalho muito bom. Há
pouco, ele me chamou para ser
seu sócio, e eu disse: "Por que
não?". Mas será preciso um
grande investimento porque,
no momento, a companhia ainda é muito pequena no Brasil.
Por enquanto, comprei uma loja em São Paulo, que será aberta em fevereiro de 2008. Eu estarei lá para a inauguração.
FOLHA - O sr. tem planos de produzir os jeans Diesel no Brasil?
ROSSO - Há muitos países pelos
quais eu sou fascinado. O Brasil
é um deles. E, quem sabe, no futuro, possamos produzir lá.
FOLHA - Em que países a Diesel
produz o seu jeans?
ROSSO - Cerca de 70% são feitos na Itália, e 30%, na costa
mediterrânea, sobretudo na
Tunísia, que historicamente é
muito ligada à Itália.
FOLHA - Se o sr. fosse produzir no
Brasil, do que precisaria?
ROSSO - De uma boa organização e teria também que levar
meus técnicos e especialistas
em produção.
FOLHA - O que o sr. acha que falta
para a moda brasileira ter repercussão internacional?
ROSSO - Vocês já têm uma boa
semana de moda, têm produção
e coisas muito interessantes.
Têm também um toque muito
especial, no que são similares à
Itália. Eu adoro o povo latino,
porque o sangue latino é mais
criativo, em geral. Vocês precisam construir grandes marcas,
fazer marketing, ter fortes homens de negócios e começar a
vender no mundo inteiro. Isso é
possível para todos os países
hoje, não apenas para a Itália, a
França e os EUA. Penso que o
seu país já está pronto para isso.
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