São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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Crítica

Resultado está abaixo do talento dos realizadores

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

A personagem do escritor inglês Lewis Carroll, com sua jornada de descoberta por um universo paralelo, é objeto de referências diretas em "Alice". A certa altura, figuras em forma de coelho bóiam em uma piscina. Dali a pouco, um diálogo menciona suas aventuras. Outras duas Alices mais contemporâneas também ecoam na escolha do nome: a menina criada pelo alemão Wim Wenders -cineasta referencial para Karim Aïnouz em "O Céu de Suely" (2006)- no seu quarto longa, "Alice nas Cidades" (1973), e a de Carla Ribas (que faz papel importante na minissérie) em "A Casa de Alice" (2007), de Chico Teixeira. Mencionar alusões talvez sugira que "Alice" seja trabalho de expressão autoral, mas, ao menos os dois primeiros episódios, com os desafios inerentes à largada de um projeto de fôlego mais longo, apontam outro fenômeno: a diluição autoral em circunstâncias industriais de realização. Há muita gente de talento comprovado na ficha técnica, entre diretores, roteiristas, produtores e fotógrafos, mas o resultado está mais próximo de certa pasteurização moderninha da vida (sobretudo noturna) em São Paulo do que de uma abordagem reveladora de traços da metrópole. Personagens e subtramas dos 11 episódios seguintes talvez façam "Alice" caminhar na direção da trilha sonora, sob responsabilidade do coletivo Instituto. A variação na seleção musical corresponde a uma busca pelo que traduz a cidade sem precisar reduzi-la.

ALICE
Quando: estréia dia 21, às 22h
Onde: na HBO (Net, TVA, Sky)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 18 anos
Avaliação: regular



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