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Crítica
Resultado está abaixo do talento dos realizadores
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
A
personagem do escritor
inglês Lewis Carroll,
com sua jornada de descoberta por um universo paralelo, é objeto de referências diretas em "Alice". A certa altura,
figuras em forma de coelho
bóiam em uma piscina. Dali a
pouco, um diálogo menciona
suas aventuras.
Outras duas Alices mais contemporâneas também ecoam
na escolha do nome: a menina
criada pelo alemão Wim Wenders -cineasta referencial para
Karim Aïnouz em "O Céu de
Suely" (2006)- no seu quarto
longa, "Alice nas Cidades"
(1973), e a de Carla Ribas (que
faz papel importante na minissérie) em "A Casa de Alice"
(2007), de Chico Teixeira.
Mencionar alusões talvez sugira que "Alice" seja trabalho de
expressão autoral, mas, ao menos os dois primeiros episódios, com os desafios inerentes
à largada de um projeto de fôlego mais longo, apontam outro
fenômeno: a diluição autoral
em circunstâncias industriais
de realização.
Há muita gente de talento
comprovado na ficha técnica,
entre diretores, roteiristas,
produtores e fotógrafos, mas o
resultado está mais próximo de
certa pasteurização moderninha da vida (sobretudo noturna) em São Paulo do que de
uma abordagem reveladora de
traços da metrópole.
Personagens e subtramas
dos 11 episódios seguintes talvez façam "Alice" caminhar na
direção da trilha sonora, sob
responsabilidade do coletivo
Instituto. A variação na seleção
musical corresponde a uma
busca pelo que traduz a cidade
sem precisar reduzi-la.
ALICE
Quando: estréia dia 21, às 22h
Onde: na HBO (Net, TVA, Sky)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 18 anos
Avaliação: regular
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