São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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Estreante, Kaíque dos Santos, 14, rouba a cena como o caçula Reginaldo

FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De aliança na mão direita e unhas pintadas de esmalte transparente, Kaíque dos Santos, 14, em nada lembra seu personagem em "Linha de Passe", o caçula mal-humorado Reginaldo, que passa o filme à procura do pai.
É dele a cena final, quando sai dirigindo sozinho um ônibus por São Paulo. E também os poucos apartes cômicos do longa, como quando provoca um dos três irmãos ou dança break.
Kaíque nasceu em Ubatã (BA), mas desde os dois anos mora em SP. Ele fala baixo, meio atropelando as palavras, diz que é tímido com desconhecidos. Mas basta alguém -em geral meninas- aparecer pedindo um autógrafo para ele abrir um sorriso e perder a pose de sério.
"Gosto de ficar bem arrumado, mas não sou vaidoso", diz. Ele conta que a mãe insiste para ele fazer as unhas e que comprou pessoalmente a aliança que deu à namorada de mais de um ano.
Kaíque foi escalado para o filme durante testes numa ONG -foram 18 semanas de seleção, um ano de espera e algumas aulas de direção para a cena do ônibus.
"Ele não podia jogar bola para não se machucar nem cortar o cabelo por causa do filme", diz a mãe, a diarista Marinalva M. Santos, 33. De fato, no filme, a mãe Cleuza (Sandra Corveloni), também diarista, reclama do "cabelo de mendigo" do filho.
Hoje, de cabelo curto, segue a mesma rotina, com mais estudos. A produção do filme paga cursos de inglês e espanhol. Marinalva, casada e com uma filha mais nova, conta que Kaíque, às vezes, chama Sandra de "mãe", mas ela não se importa.
A atriz é só elogios ao "caçula": "O que mais impressionou foi ele chegar num ambiente novo sem medo, sempre disponível", diz.
Kaíque queria ser jogador de futebol ou bombeiro -"para salvar vidas". Agora, só pensa em ser ator. O primeiro filme que viu no cinema foi "Procurando Nemo", mas não tem obra ou ator favorito. "Acho que cada ator tem que ter o seu jeito. E eu vou ser Kaíque."


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