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Coleção Folha destaca obra de Johnny Alf, precursor da bossa
Conhecido pela forma leve de interpretar, músico é tema do 8º livro-CD da série
DA REPORTAGEM LOCAL
Talvez nenhum outro artista
tenha mais direito ao título de
precursor da bossa nova do que
ele. A vida e a obra do pianista e
compositor carioca Johnny Alf,
79 anos, são focalizadas no oitavo livro-CD da Coleção Folha
50 Anos de Bossa Nova, que
chega às bancas no próximo domingo, dia 21.
Personagem fundamental no
processo que levou à modernização da música popular brasileira, já em meados da década
de 50, Alf (seu nome verdadeiro
é Alfredo José da Silva) influenciou diretamente a geração de
compositores, cantores e instrumentistas que, anos mais
tarde, deram forma ao estilo da
bossa nova.
Não só músicos profissionais, como os pianistas Tom
Jobim, João Donato e Newton
Mendonça, o baterista Milton
Banana ou os cantores Lucio
Alves e Claudette Soares,
acompanhavam as apresentações de Alf no bar do hotel Plaza, na divisa entre os bairros cariocas de Copacabana e Leme,
em meados dos anos 50.
A reduzida platéia também
era freqüentada por jovens músicos amadores, como os violonistas Roberto Menescal e Carlos Lyra, o pianista Luiz Eça ou
a cantora Sylvinha Telles, todos
futuros bossa-novistas.
Som moderno
Naquela época, Johnny Alf já
havia composto algumas canções cujas harmonias, bem
avançadas para os padrões musicais vigentes, impressionavam os colegas mais sintonizados com a modernidade, como
o samba "Rapaz de Bem", o
samba-canção "O Que É Amar"
e o baião estilizado "Céu e
Mar". Nessas composições já se
percebiam traços da futura
bossa nova. Até na maneira
mais leve de interpretá-las,
sem impostar a voz, o pianista
soava moderno.
No entanto, o maior precursor da bossa nova saiu de cena
antes mesmo que essa música
conhecesse o sucesso. Em meados de 1955, Alf aceitou o convite para inaugurar a boate Baiúca, na região central de São
Paulo, foi ficando e, por fim, se
radicou na capital paulista, para a decepção de seus fãs cariocas. Se tivesse continuado no
Rio de Janeiro, é provável que a
história da bossa tivesse sido
escrita de outra maneira.
Mesmo vivendo a centenas
de quilômetros do Rio, numa
época em que a comunicação
era bem mais precária, Alf não
foi esquecido por seus discípulos e colegas músicos.
A bossa já era sucesso em
1960, quando o convocaram
para participar do histórico
show "O Amor, o Sorriso e a
Flor", no Rio, ao lado de Jobim,
João Gilberto, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, entre outros.
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