São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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Coleção Folha destaca obra de Johnny Alf, precursor da bossa

Conhecido pela forma leve de interpretar, músico é tema do 8º livro-CD da série

DA REPORTAGEM LOCAL

Talvez nenhum outro artista tenha mais direito ao título de precursor da bossa nova do que ele. A vida e a obra do pianista e compositor carioca Johnny Alf, 79 anos, são focalizadas no oitavo livro-CD da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às bancas no próximo domingo, dia 21.
Personagem fundamental no processo que levou à modernização da música popular brasileira, já em meados da década de 50, Alf (seu nome verdadeiro é Alfredo José da Silva) influenciou diretamente a geração de compositores, cantores e instrumentistas que, anos mais tarde, deram forma ao estilo da bossa nova.
Não só músicos profissionais, como os pianistas Tom Jobim, João Donato e Newton Mendonça, o baterista Milton Banana ou os cantores Lucio Alves e Claudette Soares, acompanhavam as apresentações de Alf no bar do hotel Plaza, na divisa entre os bairros cariocas de Copacabana e Leme, em meados dos anos 50.
A reduzida platéia também era freqüentada por jovens músicos amadores, como os violonistas Roberto Menescal e Carlos Lyra, o pianista Luiz Eça ou a cantora Sylvinha Telles, todos futuros bossa-novistas.

Som moderno
Naquela época, Johnny Alf já havia composto algumas canções cujas harmonias, bem avançadas para os padrões musicais vigentes, impressionavam os colegas mais sintonizados com a modernidade, como o samba "Rapaz de Bem", o samba-canção "O Que É Amar" e o baião estilizado "Céu e Mar". Nessas composições já se percebiam traços da futura bossa nova. Até na maneira mais leve de interpretá-las, sem impostar a voz, o pianista soava moderno.
No entanto, o maior precursor da bossa nova saiu de cena antes mesmo que essa música conhecesse o sucesso. Em meados de 1955, Alf aceitou o convite para inaugurar a boate Baiúca, na região central de São Paulo, foi ficando e, por fim, se radicou na capital paulista, para a decepção de seus fãs cariocas. Se tivesse continuado no Rio de Janeiro, é provável que a história da bossa tivesse sido escrita de outra maneira.
Mesmo vivendo a centenas de quilômetros do Rio, numa época em que a comunicação era bem mais precária, Alf não foi esquecido por seus discípulos e colegas músicos.
A bossa já era sucesso em 1960, quando o convocaram para participar do histórico show "O Amor, o Sorriso e a Flor", no Rio, ao lado de Jobim, João Gilberto, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, entre outros.


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