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SP recebe radicalidade russa
Mostra no CCBB tem obras importantes de Maliévitch, que influenciaram gerações posteriores
"Virada Russa" tem 123 trabalhos de outros nomes de peso, como Kandinsky, Chagall e Tátlin, além de "descobertas", como Filónov
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma cruz, um quadrado e um
círculo. Formas elementares
que, no entanto, serviram de
peças-chave, nos anos 10 do século passado, para começar a
formar o quebra-cabeça da arte
contemporânea.
"Cruz Negra", "Quadrado
Negro" e "Círculo Negro", de
Kazimir Maliévitch (1878-1935), antecipam em décadas o
que movimentos como o minimalismo e a arte conceitual tornaram corrente apenas muito
tempo depois.
As três pinturas estão reunidas em "Virada Russa - A Vanguarda na Coleção do Museu
Estatal Russo de São Petersburgo", exposição que é aberta
hoje para convidados no CCBB
(Centro Cultural Banco do Brasil) paulistano.
A mostra reúne 123 obras de
nomes de peso na história da
arte, como Kandinsky, Chagall,
Rodtchenko, Tátlin e o próprio
Maliévitch, o grande expoente
do suprematismo.
É de Maliévitch o coração de
"Virada Russa": uma sala exclusiva do artista, com 17 obras
bastante representativas, incluindo a tríade das formas
geométricas, colocada em uma
parede exclusiva.
"Elas estão acima da linha
normalmente usada em montagens. Maliévitch queria aproximá-la dos ícones russos, então apresentou-as inicialmente
mais elevadas e inclinadas
para a frente, como se fosse algo religioso", conta o russo Joseph Kiblitsky, um dos curadores da mostra.
As telas foram concebidas
em 1913, como parte da cenografia da ópera "Vitória sobre o
Sol", no teatro Luna Park, em
São Petersburgo.
"Ela não foi muito bem recebida, mesmo naqueles dias
vanguardistas, mas lá já havia
os indícios do que viria a ser a
revolução estética do suprematismo", afirma Kiblitsky.
A síntese das formas de Maliévitch ainda pode ser vista
em outros quadros da sala, como "Cabeça de Camponês"
(1928-29) e "Figura Feminina"
(1928-29), mas com um jogo
cromático mais intenso.
Preciosidades
Além dos artistas mais conhecidos no circuito internacional, "Virada Russa" é interessante pela exibição de nomes desconhecidos, como Pavel Filónov (1882-1941) e David Burliuk (1882-1967).
Filónov faz pinturas de
grande dimensão, também
usando jogos geométricos.
"É como se ele criasse grandes caleidoscópios", diz o cubano Rodolfo de Athayde, outro dos curadores. "Já Burliuk
retrata a natureza de modo
muito particular."
VIRADA RUSSA - A VANGUARDA NA COLEÇÃO DO MUSEU
ESTATAL DE SÃO PETERSBURGO
Quando: abertura hoje, às 19h30
(convidados); de ter. a dom., das
10h às 20h; até 15/11
Onde: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, SP, tel. 0/xx/11/3113-3651); livre
Quanto: entrada franca
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