São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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SP recebe radicalidade russa

Mostra no CCBB tem obras importantes de Maliévitch, que influenciaram gerações posteriores

"Virada Russa" tem 123 trabalhos de outros nomes de peso, como Kandinsky, Chagall e Tátlin, além de "descobertas", como Filónov

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cruz, um quadrado e um círculo. Formas elementares que, no entanto, serviram de peças-chave, nos anos 10 do século passado, para começar a formar o quebra-cabeça da arte contemporânea.
"Cruz Negra", "Quadrado Negro" e "Círculo Negro", de Kazimir Maliévitch (1878-1935), antecipam em décadas o que movimentos como o minimalismo e a arte conceitual tornaram corrente apenas muito tempo depois.
As três pinturas estão reunidas em "Virada Russa - A Vanguarda na Coleção do Museu Estatal Russo de São Petersburgo", exposição que é aberta hoje para convidados no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) paulistano.
A mostra reúne 123 obras de nomes de peso na história da arte, como Kandinsky, Chagall, Rodtchenko, Tátlin e o próprio Maliévitch, o grande expoente do suprematismo.
É de Maliévitch o coração de "Virada Russa": uma sala exclusiva do artista, com 17 obras bastante representativas, incluindo a tríade das formas geométricas, colocada em uma parede exclusiva.
"Elas estão acima da linha normalmente usada em montagens. Maliévitch queria aproximá-la dos ícones russos, então apresentou-as inicialmente mais elevadas e inclinadas para a frente, como se fosse algo religioso", conta o russo Joseph Kiblitsky, um dos curadores da mostra.
As telas foram concebidas em 1913, como parte da cenografia da ópera "Vitória sobre o Sol", no teatro Luna Park, em São Petersburgo.
"Ela não foi muito bem recebida, mesmo naqueles dias vanguardistas, mas lá já havia os indícios do que viria a ser a revolução estética do suprematismo", afirma Kiblitsky.
A síntese das formas de Maliévitch ainda pode ser vista em outros quadros da sala, como "Cabeça de Camponês" (1928-29) e "Figura Feminina" (1928-29), mas com um jogo cromático mais intenso.

Preciosidades
Além dos artistas mais conhecidos no circuito internacional, "Virada Russa" é interessante pela exibição de nomes desconhecidos, como Pavel Filónov (1882-1941) e David Burliuk (1882-1967).
Filónov faz pinturas de grande dimensão, também usando jogos geométricos.
"É como se ele criasse grandes caleidoscópios", diz o cubano Rodolfo de Athayde, outro dos curadores. "Já Burliuk retrata a natureza de modo muito particular."


VIRADA RUSSA - A VANGUARDA NA COLEÇÃO DO MUSEU ESTATAL DE SÃO PETERSBURGO
Quando: abertura hoje, às 19h30 (convidados); de ter. a dom., das 10h às 20h; até 15/11
Onde: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, SP, tel. 0/xx/11/3113-3651); livre
Quanto: entrada franca


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