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Panorama terá 2 artistas brasileiros
Tradicional mostra no MAM-SP exibirá em outubro obras de Tamar Guimarães e Valdirlei Dias Lopes
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os artistas podem não ser
brasileiros, mas o título do 31º
Panorama da Arte Brasileira
não poderia ser mais nacional:
"Mamõyguara Opá Mamõ Pupé". A frase, em tupi antigo, significa "estrangeiros em todo lugar" e é o trabalho do coletivo
francês Claire Fontana, um dos
29 artistas selecionados pelo
curador Adriano Pedrosa.
O texto estará disposto em
néon na frente do museu e faz
parte de uma série já realizada
em outros países, que questiona o preconceito contra estrangeiros. Ela se caracteriza como
um tipo de antítese ao "ausländer raus", frase nazista que significa "estrangeiros fora".
Esse trabalho também pode
ser uma resposta do curador à
polêmica resultante da sua opção em não incluir brasileiros
na mostra em caráter bienal organizada no MAM-SP, que deve ser aberta em 3 de outubro e
tradicionalmente apresentava
um panorama da arte nacional.
No final, o Panorama terá
dois brasileiros. Uma será a mineira Tamar Guimarães, que
vive em Copenhague, na Dinamarca. O outro será Valdirlei
Dias Lopes, que vive em São
Paulo e foi escolhido pelo argentino Nicolas Guagnini para
sua obra "Máquina Curatorial".
"A presença da Tamar é um
jogo com o conceito da exposição. Eu a conheci em Copenhague e, apesar de brasileira, sua
carreira está toda desenvolvida
fora daqui. Seu trabalho é uma
projeção de slides com um áudio em inglês muito preciso,
num formato bastante europeu, ainda que o tema seja o
Chico Xavier", disse Pedrosa.
No geral, grande parte dos
trabalhos selecionados se relaciona com um Brasil dos anos
50 e 60, marcados pelos neoconcretos, como Hélio Oiticica,
Lygia Clark e Lygia Pape, e pela
arquitetura de Oscar Niemeyer
e Lina Bo Bardi.
"Essa exposição é uma grande afirmação da arte brasileira
e de como ela virou referência
importante para muitos artistas estrangeiros", diz o curador.
Por terem relação com o país,
a maioria dos selecionados já
participou de alguma edição da
Bienal de São Paulo -sete deles
na 27ª, quando Pedrosa foi cocurador, ou são representados
por galerias paulistanas.
É o caso, por exemplo, do britânico Cerith Wyn Evans, com
"Aqui Tudo Parece Que Ainda
É Construção e Já É Ruína",
frase de Claude Lévi-Strauss
apropriada por Caetano Veloso
em canção. O artista britânico
escreveu-a com fogos de artifício numa estrutura da galeria
Fortes Vilaça, em 2004, o que
também deve ocorrer no MAM.
Outro caso de artista com
forte visibilidade no país é o argentino Jorge Macchi, representado pela Luisa Strina. Exibido em SP duas vezes neste
ano (na Pinacoteca e no CCBB),
Macchi vai expor um novo trabalho, "Ouro Preto", além de
apresentar uma série anterior.
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