São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2010

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CRÍTICA TEATRO

Espetáculo sobre imigração une o cômico ao melodrama

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Apesar da frivolidade sugerida em seu título, "Mulheres que Bebem Vodka", de Victor Hugo Rascón Banda, é um texto circunspecto que se disfarça de enganosa leveza. Uma moldura despretensiosa sustenta histórias de imigrantes polonesas no México. Ewa, diretora de cinema consagrada, testa atrizes para filme baseado em romance de sua amiga Joanna.
A fábrica de sonhos do cinema serve como fonte para revelar frustrações. Dores de amores são veículos de sedução das atrizes nos testes, que dão o sangue para conseguir o papel através de tristes relatos de imigração.
Na direção de Lígia Cortez, o cômico e o dramático fundem-se. Os figurinos exagerados de Fábio Namatame contrastam com a trilha melancólica de Daniel Maia. Esta mistura entre tons causa perplexidade no início, mas se dilui aos poucos em riso e até comoção.
Martha Nowill como uma desesperada e Regina França como uma politizada empregada garantem prazerosa comédia. Maria Manoella faz atriz em crescente agonia.
Selma Egrei extrai delicadeza em cena de grande "pathos" como a diretora que, mesmo manca, arrisca dança inspirada em Marlene Dietrich. "Meu corpo é minha pátria", diz, revelando que a travessia entre fronteiras ultrapassa países e políticas. A mudança no eixo de imigração para o México é traduzida em registro íntimo e então transformada em surpreendente melodrama mexicano nos momentos finais.


MULHERES QUE BEBEM VODKA

QUANDO ter. a qui., às 19h30; até 11/11
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO R$ 15
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom



JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Eleições 2010



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