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TELEVISÃO
Programa do ratinho é loucura pura
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Ratinho trocou de endereço. De
muitos milhões a mais. Pelo jeito,
o programa inaugural recebeu a
visita de muitos colegas. Ele citou
vários nomes amigos. Tipo Ney
Gonçalves Dias. Pelo jeito, a colega Marília Gabriela não foi. Ela
aparece logo depois do Ratinho,
quando o "SBT Repórter" é transmitido dos porões do Ibope.
O fato do programa do Ratinho
ser apresentado pelo SBT deve
provocar a maior convulsão
mental no dono da casa. Durante
anos tentou ser, na sua concepção, um homem muito elegante e
de persistente e desastroso capricho na tentativa de ser sempre
jovem e fino. Agora tem que pagar fortunas para ter os serviços
artísticos (! ou ?) de um homem
que tem sua glória no desleixo.
De repente, Ratinho tem certeza de que os paraguaios não só
odeiam o duque e o almirante,
mas todos os brasileiros. Indícios
de que, não vai demorar muito,
visitaremos brasileiros vivendo
horrores no Paraguai.
Mas muito mais sensacional é a
mulher de bigulim que o programa vai mostrar. Logo depois de
uma visita a uma crackolândia
na cidade de São Paulo. Com recursos de "Pixote", um menino de
13 anos mostra os olhos claros e
viciados, já que o resto da cara
está coberto por máscara.
"Tem que pegar e botar na cadeia. É uma vergonha!", berra
Ratinho com uma indignação
que vem dos tempos do Flávio
Cavalcanti. A técnica é a mais
óbvia possível. O escurinho da
rua é denso? Holofote e câmera
nele. A porta está trancada? Arromba e ilumina. Só para ver o
casal que pagou e não teve o
aconchego de um "hotel de viração". A cortina na janela está
muito pesada? Vamos ver com
muita luz o que ela esconde. "Que
trepação. Tem muito filho sem
mãe. É uma vergonha."
"Não passe para a novela que a
novela está uma merda", berra o
Ratinho. Mas a loura de vermelho diz que não vai ficar nua?
"Tira, tira, tira." E a morena
mais bonita na capa amarela?
"Quando acabar a novela, eu
passo." A polícia chegou à crackolândia. "Nós denunciamos, e lá
está ela." Ratinho é fogo.
Mas lá vem a Amanda Amadeu. É uma moça já suave. Numa
foto, o seu bigulim é infantil.
Noutra foto, seus seios são discretos, mas de muita beleza. A moça
quer se definir. Precisa de uma
operação. Tem um médico inglês
que faz. Ratinho rico fica em dúvida. De repente, a transexual
atravessa o palco nuinha, nuinha. Ratinho se escandaliza. "Essa menina é doida." E quem não
é? Lá está o Latino cantando e
todo mundo contente. Loucura
pura.
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