São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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Filmar "foi como andar na corda bamba", diz Meirelles

DA REPORTAGEM LOCAL

"Foi como andar numa corda bamba, perdi algumas noites de sono pensando no tom do filme", diz Fernando Meirelles sobre as filmagens de seu quinto longa, "Cegueira".
Ele julga o novo filme "mais difícil dramaticamente" que os dois anteriores -"Cidade de Deus", painel da guerra do tráfico no Rio; e "O Jardineiro Fiel", drama passado no Quênia, com lobby da indústria farmacêutica de fundo. Os dois somam oito indicações ao Oscar.
A maior complexidade, diz, está no fato de "a história não ser naturalista". "Um tom a mais pode deixar o filme teatral; com um tom a menos, fica bobo", avalia. Já o processo de produção, que empregou 283 técnicos e 250 figurantes no Brasil, Meirelles diz ter sido "mais fácil do que o de "Cidade" e o de "Jardineiro'", sobretudo pela concentração de seis semanas de filmagem numa antiga penitenciária no Canadá.
Ao lado do diretor pela primeira vez na equipe esteve seu filho, Francisco Meirelles, 19.
"Colocar o Quico neste filme foi a melhor idéia que tive. Melhor até do que a escolha deste excelente elenco. Nós somos muito amigos e acho que ambos gostamos da companhia um do outro", diz o cineasta.
Embora não tenha incentivado a escolha profissional do filho -"Até duas semanas antes do vestibular, ele ia prestar física, matemática ou história. Entrou em cinema para ver se gosta"-, Meirelles acha "bom tê-lo por perto, na mesma área" e opina que "ele deveria tentar atuar também. Tem carisma, é sensível e bem cara-de-pau".
Em paralelo às filmagens, "Cegueira" está sendo montado por Daniel Rezende ("Cidade de Deus", "Tropa de Elite") e deve estar pronto até maio do ano que vem, a tempo do Festival de Cannes. A estréia nos cinemas está prevista para o segundo semestre de 2008.
Meirelles prevê para março apresentar o filme ao escritor José Saramago, que demorou anos para autorizar essa adaptação de seu livro "Ensaio sobre a Cegueira" pelo roteirista canadense Don McKellar.
"Quero mostrar para o Saramago quando tudo estiver mais fechado, música composta, pré-mixagem. Temo por este dia e tento adiá-lo ao máximo, mas é inevitável. Talvez devesse inventar uma desculpa e mandar um DVD pelo correio", diz, em tom de brincadeira.
Expectativas quanto ao desempenho no Oscar, Meirelles prefere adiar ainda mais. "Esse filme só seria indicável para 2009. Então é um pouco cedo para pensar nisso. Preciso antes acabá-lo e ver se presta." (SA)


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