|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Filmar "foi como andar na corda bamba", diz Meirelles
DA REPORTAGEM LOCAL
"Foi como andar numa corda
bamba, perdi algumas noites de
sono pensando no tom do filme", diz Fernando Meirelles
sobre as filmagens de seu quinto longa, "Cegueira".
Ele julga o novo filme "mais
difícil dramaticamente" que os
dois anteriores -"Cidade de
Deus", painel da guerra do tráfico no Rio; e "O Jardineiro
Fiel", drama passado no Quênia, com lobby da indústria farmacêutica de fundo. Os dois somam oito indicações ao Oscar.
A maior complexidade, diz,
está no fato de "a história não
ser naturalista". "Um tom a
mais pode deixar o filme teatral; com um tom a menos, fica
bobo", avalia. Já o processo de
produção, que empregou 283
técnicos e 250 figurantes no
Brasil, Meirelles diz ter sido
"mais fácil do que o de "Cidade"
e o de "Jardineiro'", sobretudo
pela concentração de seis semanas de filmagem numa antiga penitenciária no Canadá.
Ao lado do diretor pela primeira vez na equipe esteve seu
filho, Francisco Meirelles, 19.
"Colocar o Quico neste filme
foi a melhor idéia que tive. Melhor até do que a escolha deste
excelente elenco. Nós somos
muito amigos e acho que ambos gostamos da companhia
um do outro", diz o cineasta.
Embora não tenha incentivado a escolha profissional do filho -"Até duas semanas antes
do vestibular, ele ia prestar física, matemática ou história. Entrou em cinema para ver se gosta"-, Meirelles acha "bom tê-lo
por perto, na mesma área" e
opina que "ele deveria tentar
atuar também. Tem carisma, é
sensível e bem cara-de-pau".
Em paralelo às filmagens,
"Cegueira" está sendo montado por Daniel Rezende ("Cidade de Deus", "Tropa de Elite") e
deve estar pronto até maio do
ano que vem, a tempo do Festival de Cannes. A estréia nos cinemas está prevista para o segundo semestre de 2008.
Meirelles prevê para março
apresentar o filme ao escritor
José Saramago, que demorou
anos para autorizar essa adaptação de seu livro "Ensaio sobre
a Cegueira" pelo roteirista canadense Don McKellar.
"Quero mostrar para o Saramago quando tudo estiver mais
fechado, música composta,
pré-mixagem. Temo por este
dia e tento adiá-lo ao máximo,
mas é inevitável. Talvez devesse inventar uma desculpa e
mandar um DVD pelo correio",
diz, em tom de brincadeira.
Expectativas quanto ao desempenho no Oscar, Meirelles
prefere adiar ainda mais. "Esse
filme só seria indicável para
2009. Então é um pouco cedo
para pensar nisso. Preciso antes acabá-lo e ver se presta."
(SA)
Texto Anterior: São Paulo pára para ver "Cegueira" Próximo Texto: Ex-motorista de kombi comanda set Índice
|