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Quadrinhos em cliques
Novos elementos transformam quadrinhos on-line em "nova arte'; além da distribuição democrática, meio permite mais interação entre autor e leitor
CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nem nanquim nem papel. A
nova geração de HQs se vale de
outros recursos. É como se um
iluminismo digital surgisse e
um Rousseau cibernético declarasse: "As HQs nasceram
puras e a web as corrompeu".
Para Anselmo Gimenez
Mendo (www.nez.com.br),
42, autor do recém-lançado livro "História em Quadrinhos:
Impresso vs. Web", com a popularização da internet, criou-se uma nova forma de fazer
quadrinhos. "A internet ajudou a criar uma nova arte", diz.
Os quadrinhos já haviam se
apropriado da rede, até como
uma alternativa a meios de distribuição e publicação.
"A internet mudou o mercado", afirma Amauri de Paula,
33, editor do site Acervo HQ
(www.acervohq.quadrinho.com) e presidente da Associação Cultural Nação HQ. No
Acervo HQ, 70% dos trabalhos
são especialmente desenvolvidos para a web.
Scott McCloud (www.scottmccloud.com), 48, cartunista
norte-americano e autor de livros sobre quadrinhos, diz que,
além de ter modificado a forma
de produção de HQs, há mais
oportunidades para os artistas
e interação autor-leitor na internet. "A tela é uma janela, é
mais do que uma página. As
possibilidades são enormes."
As idéias de McCloud publicadas no livro "Reinventing
Comics" (2000) -que analisa
o potencial dos quadrinhos on-line- foram consideradas "perigosas" por críticos. "Minhas
idéias são estranhas e inusitadas e na época isso chateou
muita gente. Continuo achando que há potencial para uma
revolução nesse mercado."
Uma de suas publicações
mais recentes -os quadrinhos
do Google Chrome- foi pensada especificamente para ser
impressa, mas ficou muito popular na internet. "Irônico,
não?", insinua McCloud.
Novos elementos
Alguns elementos diferenciam as HQs feitas para a internet das para versão impressa.
"Animação, diagramação dinâmica, trilha e efeitos sonoros,
tela infinita, narrativa multilinear, interatividade", enumera
Edgar Silveira Franco (www.ritualart.net), 37, autor do livro
"HQtrônicas: do Suporte Papel
a Rede Internet".
Para Franco, entusiasta das
HQs eletrônicas (ou HQtrônicas, como prefere chamá-las),
esse é um momento de "transição". "As HQtrônicas tiveram
um período de muita experimentação no seu início e agora
já começam a se aperfeiçoar."
Profecia
"A internet se tornou necessária para os quadrinistas mostrarem seu trabalho. Alguns alcançam boa repercussão e conseguem, por meio da divulgação virtual, trabalhos no mundo real", analisa Paulo Ramos,
36, editor do Blog dos Quadrinhos (blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br).
Foi assim para o desenhista
Fábio Yabu, 29 (www.comborangers.com.br). Ele fez parte dessa geração inicial com os
quadrinhos "Combo Rangers",
sucesso na rede que chegou a
ganhar versão impressa. "Fazia
por diversão", conta. O site esteve no ar de 1997 a 2003.
Em 2005, Elias Martins, 30,
e C.George, 36, também começaram a fazer quadrinhos para
web. As HQs do ae comics
(www.aecomics.com.br) foram criadas, escritas e produzidas por eles.
A dupla que fez história com
as HQs eletrônicas diverge sobre os rumos dessa arte. "Sou
radical. Como as HQs vão se
adaptar à internet vai decidir a
função dos quadrinhos e até
sua própria existência", diz
C.George. Para Martins: "É
inevitável que apareçam novas
formas de se ler e fazer quadrinhos, como para celulares".
Sobre o futuro, voltemos ao
profético McCloud: "O processo de se fazer histórias em quadrinhos está na imaginação e
isso nunca vai mudar".
WEBSÉRIE
O ex-chefão da Disney, Michael Eisner, comprou a Topps,
empresa que fabrica itens colecionáveis de esportes como o
beisebol, e lançou um seriado
cômico on-line (www.backontopps.com) que mistura ficção e realidade, mostrando como a compra da Topps afetou
os funcionários da empresa.
ALTERNATIVAS
"Encontre alternativas para
tudo" é o lema do site Dooblet.com, uma espécie de Google dos sinônimos ou coisas
aproximadas: você digita uma
palavra (em inglês, espanhol ou
diversas outras línguas, mas
ainda não em português) e ele
apresenta resultados "alternativos" ao que você procurou.
CRIANDO LETREIROS
Sabe aqueles letreiros de beira de estrada, de postos de gasolina, de painéis de informação sobre o trânsito? O site
atom.smasher.org permite
que você insira suas próprias
mensagens neles; também é
possível personalizar as infames mensagens de erro do
computador, com símbolos.
PORNÔ LIBERADO
Três irmãos com muito tempo livre pensaram numa brincadeira: criar vídeos pornográficos para pessoas que se ofendem com imagens de sexo explícito. O resultado é a série cômica "PG Porn" (algo como
pornô censura livre), criada para "pessoas que adoram tudo do
pornô, menos o sexo"; assista
em www.jamesgunn.com.
HISTÓRIAS NO CELULAR
Como parte da Mostra Sesc
de Artes, que vai até o próximo
sábado, está no ar um projeto
com curadoria do escritor Marcelino Freire: 30 autores escrevem microcontos de 120 caracteres (incluindo o título e a assinatura) que são enviados via
torpedo aos celulares pré-cadastrados no site www.sescsp.org.br/literaturacelular.
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