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Crítica/"Amor e Sexo"
Programa de Fernanda Lima foca sexo e esquece o amor
Reflexo de "Sex and the City", atração é ao mesmo tempo voyeur e exibicionista
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Uma apresentadora descolada reúne celebridades para baterem
um papo sobre sexo com direito a plateia (literalmente). Essa
é a fórmula do programa "Amor
e Sexo", atração de sexta-feira
da TV Globo comandada pela
bela e despachada Fernanda
Lima. Em um tempo em que as
intimidades são devassadas em
Facebooks, Twitters e revistas
de celebridades, é mais do que
natural que as pessoas falem
sobre sexo (especificamente,
sobre suas vidas sexuais).
E como falam! Intimidades
são contadas em mesas de bar,
conversas de manicures e revistas femininas. Por que não
aconteceria o mesmo na TV?
No caso de "Amor e Sexo", assim como na maioria dos outros programas que falam sobre
"vida sentimental", a parte do
amor fica meio de lado. Faz
sentido. Mais fácil falar sobre
vibradores do que sobre sentimentos.
O sexo de que se fala na TV é,
em geral, aquele tirado das prateleiras de sex shops para mulheres de classe: cosmético,
moderninho e superficial. Reflexo de uma era inaugurada
pelo seriado "Sex and the City",
que ganhou o mundo ao mostrar moças que compram sapatos e vibradores caros.
"Todo homem se masturba,
mesmo quando está em um relacionamento. Verdade ou
mentira?", pergunta Fernanda
Lima para o ator Bruno Gagliasso, que responde que não,
não é bem assim. Como todo
mundo fala de sexo no mundo,
a plateia, além de assistir aos
outros contando intimidades,
também pode soltar as suas.
"Eu nunca me masturbo, não
gosto de encostar lá", diz um
homem. Tudo é pontuado por
uma especialista e por um "macho", o cantor Léo Jaime, que
solta pérolas do tipo: "Sexo não
é tudo, mas é 100%".
E há também um quadro em
estilo reality show em que Fernanda vai à rua tentar arrumar
um namorado para alguém.
Nessa hora, dá um pouco de
saudades do "Namoro na TV", o
programa do Silvio Santos onde solitários abriam o coração
em busca de companhia. Era
melancólico, mas parecia mais
real do que o "vamos paquerar
no shopping" proposto por
"Amor e Sexo".
Claro, não é só a TV Globo
que fala sobre sexo. Na TV fechada, há de tudo. Uma velhinha que virou celebridade por
ser uma senhora que fala sobre
sexo (Sue Johanson, do GNT),
especialistas que respondem
dúvidas por e-mail (no "Simplesmente Sexo", no Discovery
Home & Health), um médico
grisalho com cara de confiável
que dá conselhos para a audiência ("Tudo sobre sexo com
Dr. Drew", no Multishow), programas de variedades sobre a
indústria do sexo e por aí vai.
Foi-se o tempo em que ver a
então terapeuta-apresentadora
Marta Suplicy na "TV Mulher"
falar sobre orgasmo feminino
de manhã era um choque. Hoje,
o bacana é ser ao mesmo tempo
voyeur e exibicionista. E assim
contar o que faz entre quatro
paredes para todo mundo. Como uma senhora do auditório
de "Amor e Sexo" que confessou ter, sim, a fantasia de transar com dois homens. E foi chamada por Fernanda Lima de
corajosa. Viu como falar de sexo pega bem?
AMOR E SEXO
Quando: sextas, às 23h10
Onde: na TV Globo
Classificação: não informada
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