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comida
Faça a sua cerveja
Produção caseira da bebida vira frisson em SP; conheça ingredientes e equipamentos para montar sua minifábrica
LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO
Nova-iorquino filho de napolitanos, Al Capone se tornou um dos gângsteres mais
lendários de Chicago. E, por
ironia, não foram os assassinatos que o levaram à cadeia.
Na primeira metade do século 20, tempo de Lei Seca
nos EUA, meteu-se no contrabando de bebidas. A sonegação de impostos levou Al
Capone à prisão.
Não só o mafioso fez malabarismos para driblar a lei
que impedia o consumo de
alcoólicos. As pessoas foram
para o fundo de suas casas
preparar ali drinques turbinados, com acréscimo de ingredientes que escondiam o
gosto dos destilados clandestinos e... produzir cervejas.
Mas foi só recentemente
que essa prática ganhou espaço (e até certo frisson) no
Brasil, como mostra a expansão da Associação de Cervejeiros Artesanais.
Com acesso facilitado à
matéria-prima e aos equipamentos para montar uma minifábrica básica, mais gente
tem investido no hobby.
O especialista Eduardo
Passareli, por exemplo, conta que recebe produtores caseiros semanalmente em seu
bar, o Melograno (tel. 0/xx/11/3031-2921), interessados
em lhe mostrar bebidas.
Para a mestre-cervejeira e
sommelier Cilene Saorin,
têm surgido cada vez mais interessados que passaram a
adotar essa prática. "Isso é,
na verdade, um movimento
gastronômico. Quem se propõe a fazer cerveja se mete na
cozinha e coloca a criatividade em pauta", diz.
DO HOBBY AO NEGÓCIO
Gerada por um processo
espontâneo da natureza, no
qual cereais que entram em
contato com a água podem
ser germinados e submetidos
à ação de levedos (fungos microscópicos) encontrados no
ambiente, a cerveja é uma
das bebidas alcoólicas mais
antigas da humanidade.
Com registros de pelo menos 6.000 anos, quando a
humanidade já cultivava cereais e os estocava, a cerveja
hoje é a bebida alcoólica
mais consumida no mundo.
E foi nos monastérios, durante a Idade Média, que ganhou força. Era equivalente
ao pão -"uma das necessidades vitais", segundo "O Livro da Cerveja". "Fornecia
calorias rapidamente e como
era fervida, era uma bebida
mais segura que a água."
A prática tem evoluído para o nascimento de negócios.
Virou objeto de estudo de
pessoas como Jaime Pereira
Filho que, ainda recém-nascido, em 1951, já era ligado ao
universo da bebida fermentada: um caixote de madeira
de cerveja com lençóis e fru-frus bordados pela mãe lhe
servia de berço.
No quintal do bar Pier 1327
(tel. 0/xx/11/5539-6213; fotos
ao lado), em seu "beer garden", ele hoje ensina como
preparar a bebida em casa.
Já Alexandre Sigolo e Rodrigo Louro, da Sinnatrah
(http://cervejaartesanal.wordpress.com), pós-graduados em bioquímica, fizeram do hobby de produzir
cervejas em casa -onde ocupavam a pequena cozinha
com cacarecos "fabris"-um
braço da profissão.
Hoje, eles sustentam um
espaço na Pompeia, onde
produzem diferentes categorias da bebida e ministram
cursos para os entusiastas.
Em fevereiro, aliás, está
prometida a abertura de uma
minifábrica de cerveja -cujo
embrião estava no lazer-,
conjugada a um bar, a Cervejaria Nacional. Deve ocupar
um imóvel em Pinheiros e
servir bebidas próprias.
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