São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Longa francês vai além do que sugere sinopse

'A Criança da Meia-Noite' aborda conflitos de um adolescente sem pai e de um médico que teme encarar o mundo

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

A sinopse de "A Criança da Meia-Noite" não é muito animadora: a relação afetiva entre um dermatologista e um de seus pacientes. Poderia servir a um comercial de cosméticos. Mas o filme da francesa Delphine Gleize é bem mais interessante do que essa descrição correta, porém injusta, nos sugere.
O paciente, o adolescente Romain (Quentin Challal), sofre de uma rara deficiência genética incurável, chamada xeroderma pigmentoso, que o torna incapaz de se expor aos raios do sol.
Para ir às ruas de dia, ele precisa usar uma roupa especial, que lembra os uniformes de técnicos que lidam com radiação. E, mesmo com as precauções, ele terá um tempo de vida curto.
Pesquisador obstinado, o médico David (Vincent Lindon) relegou a família a segundo plano para cuidar de seus pacientes -em especial Romain, de quem trata desde que nasceu e foi abandonado pelo pai.
O grande conflito do filme é o trauma da iminente separação entre os dois: o médico ganhou uma promoção para trabalhar no exterior e vai precisar cortar os laços com o paciente/filho.
O filme de Gleize fala com propriedade e discrição sobre diversos medos: de ser abandonado e de morrer, claro, mas também de amadurecer e, enfim, de viver.
Porque, ao longo do filme, fica claro que muitos conflitos de Romain são os de uma pessoa com uma doença rara, mas outros são os de qualquer adolescente. E que David, por sua vez, é um adulto com medo de quebrar seu isolamento e encarar o mundo.

A CRIANÇA DA MEIA-NOITE
DIREÇÃO Delphine Gleize
PRODUÇÃO França, 2011
COM Vincent Lindon, Emmanuelle Devos e Quentin Challal
ONDE Cine Livraria Cultura, Espaço Unibanco Augusta e Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom

Leia a entrevista com a diretora do filme
folha.com/no990022




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