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ARTES PLÁSTICAS
Cinco artistas contemporâneos retratam em suas obras angústia, paixão e drama humano
"Eyegoblack" reúne autores de obras de forte impacto em SP
FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eyegoblack", título emprestado de "Finnegans Wake", do escritor James Joyce (1882-1941),
reúne cinco artistas contemporâneos, três dinamarqueses e um
alemão e um chileno radicados na
Dinamarca, dispostos a retratar, a
sua maneira, a angústia, a paixão
e o drama humano.
Os trabalhos estão expostos, a
partir de hoje, na Pinacoteca do
Estado, que já acolheu o colorista
dinamarquês Per Kirkeby e o grupo Cobra, fundado por cinco pintores -um dinamarquês.
Segundo Emanoel Araújo, diretor do espaço, a conexão Brasil-Dinamarca se deve a Jens Olesen
(presidente da McCann-Erickson
no Brasil), "um agitador dessas
relações culturais".
Apesar de os artistas produzirem obras de forte impacto, que
chegam a causar repugnância, a
mostra de São Paulo é leve.
Não apresenta trabalhos como
"Cego", de Christian Lemmerz,
em que olhos de porcos estão
mergulhados em vidro de formol,
ou "Crianças", instalação de Marco Evaristti, que mostra uma boneca em uma incubadora, esperma e máquina de suprimentos.
Niels Bonde, 39, e Lemmerz, 41,
exibem seus trabalhos no octógono, o início da exposição. O primeiro produz a planta de uma casa com decalques fixados no piso.
Desenhos de câmeras são dispostos no imóvel que originou a instalação "Big Brother", numa referência à obra "1984", do escritor
George Orwell (1903-50).
Bonde costuma usar câmeras
reais, em um retrato da vulnerabilidade da exposição humana à
violência social das máquinas de
segurança. Por dificuldades técnicas, criou uma simulação com desenhos e decalques.
O alemão Lemmerz, que já esteve no Brasil durante a Bienal Internacional de São Paulo de 1996,
expõe dez fotografias. Todas são
do próprio artista, mas nenhuma
imagem se parece com o próprio.
"São reconstituições do meu
rosto, numa espécie de retrato falado." Para Bonde, as pessoas inventadas de Lemmerz são os habitantes de sua casa imaginária.
A mostra segue em três salas internas. Na primeira, estão as pinturas de Michael Kvium, 55, que
retratam a estética do horror:
duas mulheres praticando sexo
com um cão, vísceras, fetos e pessoas deformadas em imagens
pouco assustadoras.
Na sala seguinte, estão as pinturas e fotografias de Erik A. Frandsen, 43, que mostram cenas domésticas. "As pessoas fotografadas sabem que estão sendo observadas." Mas, pela natureza do trabalho, algo não pode ser revelado.
As fotos são alcalinizadas sobre
alumínio, e as pinturas foram
produzidas em suporte do mesmo material. A última sala é a do
chileno Evaristti, 37. Ele apresenta
oito sacos mortuários que estampam desenhos de corpos de crianças assassinadas -antes eram
palavras.
"Meu trabalho reproduz a idéia
da vítima e do tráfico de órgãos
humanos. É uma investigação social e cultual", afirmou ele.
Além das obras, a Pinacoteca
exibe o vídeo "The Wake", de
Kvium e Lemmerz, em mais uma
alusão a Joyce. Nele aparecem
apenas imagens não muito claras
de nuvens, montanhas, águas,
corpos, vísceras. O vídeo tem oito
horas de duração.
Exposição: Eyegoblack
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h.
Até 17/12
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da
Luz, 2, São Paulo, tel. 0/xx/11/229-9844)
Quanto: R$ 5 (inteira) e R$ 2 (meia).
Entrada franca às quintas. Menores de 7
e maiores de 65 não pagam
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