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Álbum de estréia do Audioslave conserva o peso do RATM e os vocais melódicos de Chris Cornell
Som & Fúria
Divulgação
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A partir da esq., Brad Wilk, Chris Cornell, Tim Commerford e Tom Morello, integrantes do Audioslave, que fará turnê em 2003 |
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Acabou a espera. Desde que o
ex-Soundgarden Chris Cornell
anunciou, há dois anos, que iria
substituir o vocalista Zack de la
Rocha no Rage Against the Machine, a pergunta que não quer
calar tem sido: onde é que isso vai
dar? Mais rock e menos política.
Previsto para a próxima segunda-feira no Brasil, via Sony, o disco homônimo do Audioslave deve agradar aos fãs de RATM e
Soundgarden e, de quebra, limpar
o ouvido da geração de roqueiros
que não teve o privilégio de acompanhar duas das mais respeitáveis
bandas da década de 90.
"Minhas duas paixões são tocar
guitarra e lutar por justiça social.
No Audioslave eu só posso tocar
guitarra, mas faço isso até o meu
limite", falou à Folha, de Los Angeles, o guitarrista Tom Morello.
Folha - Black Sabbath e Led Zeppelin sempre foram referências para o Rage e para o Soundgarden. A
parceria com Chris Cornell parece
ter provado isso de vez...
Tom Morello - Acho que o que o
Audioslave tem em comum com
o Led e o Sabbath são os riffs poderosos e os vocais melódicos,
mas é aí também que a comparação acaba. As influências passam
por Chemical Brothers, Portishead e Bob Dylan... com uma base
massiva de guitarra, baixo e bateria para a gente se sentir em casa.
Folha - Em compensação não há
nenhum indício de rap no Audioslave. Cansou?
Morello - Não. Estou superantenado com o hip hop, mas esta é
uma banda diferente. As pessoas
têm que se acostumar com a idéia
de que o Audioslave não é o
Soundgarden nem o RATM.
Folha - Quando vocês conheceram o Chris Cornell?
Morello - Foi no Lollapalooza de
1996. Soundgarden foi muito importante para mim. Junto com o
Jane's Addiction e o Living Colour, mostrou que o hard rock poderia ser inteligente e ter a mesma
integridade que o underground.
Folha - Houve rumores de que
Cornell havia deixado a banda, que
ainda se chamava Civillian, pouco
antes do Ozzfest deste ano...
Morello - Vou esclarecer vários
rumores. Primeiro, a banda nunca se chamou Civillian, esse era
um entre os vários nomes que estávamos considerando. E, sim,
houve um período curto em que
Chris deixou a banda, mas decidimos não tocar no Ozzfest porque
não estávamos prontos e nossos
empresários não se davam bem.
Folha - Então Cornell não saiu?
Morello - Não, não. Nós temos
um ensaio dentro de uma hora
(risos). Somos uma banda, é real,
vamos lançar outros álbuns, fazer
turnê na América do Sul...
Folha - Passam pelo Brasil?
Morello - Definitivamente. Esse é
um dos meus maiores arrependimentos em toda a história do
RATM, nunca fizemos turnê na
América do Sul. E isso nós vamos
corrigir com o Audioslave.
Folha - Qual sua opinião sobre a
possibilidade de uma guerra dos
EUA contra o Iraque?
Morello - Nunca deixamos de estar em guerra com o Iraque. Os
Estados Unidos bombardeiam regularmente as zonas de exclusão
aérea e impõem um embargo econômico que causou a morte de
pelo menos 1 milhão de civis nos
últimos 11 anos. A guerra continua. Mas a idéia de que possa se
intensificar no futuro próximo é
imoral e desonesta. Bush tenta
desviar a atenção das pessoas sobre o fato de que a nossa economia está indo privada abaixo. É
um desafio à razão dizer que dominando economicamente e militarmente o Oriente Médio estaremos a salvo do terrorismo.
Folha - As letras agora têm menos
política que as do Rage...
Morello - Quisemos trabalhar
com o Chris pois ele, além de um
grande cantor, é um grande letrista. E a combinação de suas letras
sombrias com a nossa música é
uma das engrenagens do Audioslave. Politicamente, dedico-me a
uma recém-formada ONG com
Serj Tankian, do System of a
Down, chamada Axis of Justice. A
idéia é criar um espaço nos locais
de shows para ajudar os jovens a
se organizar por justiça social.
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