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GASTRONOMIA
Casas de Aube merecem (muita) atenção
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Quando perguntaram a
Lilly Bollinger quando preferia beber champanhe, ela respondeu: "Bebo-o quando estou feliz e
quando estou triste. Algumas vezes, também quando estou só.
Quando tenho companhia o considero obrigatório. Brinco com ele
quando estou sem apetite e o bebo quando estou com fome. Fora
isso, nunca o toco, a menos que
esteja com sede".
Fora o marketing -afinal, na
época, madame Bollinger era proprietária da renomada casa produtora de champanhes que leva o
seu nome- a frase reflete muito
bem a versatilidade desses deliciosos espumantes que os vinhateiros de Champagne elaboram
nos mais diversos estilos.
A região de Champagne se encontra no norte da França, a pouco mais de 150 quilômetros de Paris, e conta com cerca de 30 mil
hectares de vinhedos, divididos
em cerca de 240 mil parcelas pertencentes a aproximadamente 20
mil proprietários. Apenas três variedades de uvas são utilizadas na
elaboração dos vinhos: uma branca, a chardonnay, que dá vinhos
finos e elegantes, e duas tintas -a
pinot noir (que aporta corpo e estrutura) e a pinot meunier (de características bem frutadas).
São esses -três variedades de
uvas, o resultado do seu cultivo
nos diferentes solos e microclimas das inúmeras parcelas de vinhedos da região- os elementos
que os produtores aprenderam a
combinar com maestria no "assemblage". A técnica, utilizada
para criar o vinho base, que ganhará posteriormente as borbulhas, integra vinhos de diferentes
locais para obter uma mescla final
com performance superior à dos
componentes individuais.
Algumas casas chegam a combinar dezenas de vinhos no seu vinho base, dando assim uma personalidade praticamente única
aos seus exemplares.
A maior parte das grandes casas
produtoras (como Krug, Veuve
Cliquot, Moët & Chandon) se
concentra no eixo Reims-Epernay, as duas maiores cidades da
região. Em volta delas, nas áreas
de Montaigne de Reims, Vallée de
la Marne e Côte de Blancs, concentram-se 80% dos vinhedos.
Mas há outra área (às vezes omitida até nos mapas de Champagne), localizada mais ao sul: Aube.
A região conta com seis mil hectares de parreiras e algumas casas
desconhecidas por aqui, mas que
merecem (muita) atenção. Como
a Drappier, por exemplo, que acaba de estrear no Brasil.
A firma foi fundada em 1808 e
possui cerca de 45 hectares de vinhedos na região. A sua sede, localizada em Urville, um pequeno
vilarejo com 149 habitantes, conta
com uma série de antigas caves
subterrâneas construídas no século 12 pelos monges cistercienses que ajudaram a organizar a vitivinicultura da região.
Três exemplares Brut (considerados secos) integram o primeiro
desembarque: o Carte d'Or, o
Charles de Gaulle 93 e o top da casa, o Grande Sendrée, safra 95.
O Carte d'Or mostra aroma intenso (levedura e fruta) e paladar
cremoso e persistente. As mesmas
características estão presentes no
Charles de Gaulle (cuvée lançada
em 1990, em homenagem ao general que morava na vizinha cidadezinha de Colombey-les-Deux-Eglises e era cliente da casa), um
vinho um pouco mais encorpado.
Mas o destaque do trio é o Grande Sendrée, que apresenta perfume complexo (leve pêssego, lichia, toques cítricos e de pão fresco), paladar longo, com textura
dada por bolhas finas, e uma performance à altura de grandes cuvées (como Dom Pérignon), com
uma vantagem sobre elas: custa
pouco mais do que a metade.
O colunista Jorge Carrara visitou à região de Champagne a convite do CIVC
(Comité Interprofessionnel du Vin de
Champagne)
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