Intervenção de Georges Rousse "reforma" o espaço GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista francês Georges Rousse tem um gosto especial pelo efêmero. Desde 1982 pesquisa espaços que estejam prestes a ser reformados/demolidos e neles cria instalações mudando as paredes de lugar, aplicando-lhes tinta, derrubando telhados etc. A idéia é refletir sobre arquitetura e disposição espacial.
Uma dessas intervenções de Rousse pode ser vista até 28 de janeiro no quarto andar do Sesc Avenida Paulista. O espaço, que em 2007 passa por uma reforma e se transforma na galeria de arte da unidade, foi alvo do trabalho do francês, que nele criou a ilusão de uma esfera negra sobre as paredes de concreto aparente. Embora não seja revolucionário, o efeito criado é visualmente instigante e pode valer a visita.
A sala ao lado recebe uma exposição fotográfica com dez trabalhos anteriores de Rousse registrados. Sempre que completa sua "modificação", o artista fotografa os espaços, já que serão em breve demolidos.
"Procuro criar uma espécie de "arqueologia da arquitetura", em que o caráter efêmero de minhas ações é de alguma maneira compensado pelo registro fotográfico. A idéia é conferir a estes espaços uma espécie de memória", contou Rousse.
Assim, na exposição podem ser vistas intervenções do artista na Europa, EUA e Ásia. O trabalho no porão de uma igreja em Loyola (Espanha) é talvez o mais interessante.
Rousse, que já participou das bienais de Veneza e Paris, chega a São Paulo pela primeira vez. "Estou impressionado com a arquitetura, em especial com a grande quantidade de imóveis vazios, com estes casarões antigos... É isso o que me atrai."