São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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"New Yorker" se recusou a publicar os originais, que sairão pela "Playboy"

DA REPORTAGEM LOCAL

O filho do autor russo Vladimir Nabokov, Dmitri, vem recebendo críticas negativas da imprensa desde meados da década de 90, quando ficaram claras suas intenções de publicar o romance inacabado do pai.
O assunto voltou à tona no ano passado, quando os direitos foram vendidos a editoras de todo o mundo. Em julho deste ano a revista "Publisher Weekly" teve acesso ao texto e fez a primeira resenha. A notícia era ruim: "Será um erro se os leitores chegarem a esse livro esperando qualquer coisa que lembre um romance".
Outro golpe pelo qual passou a investida de Dmitri veio quando a prestigiosa revista literária norte-americana "New Yorker" se recusou a serializar os manuscritos em suas edições. Restou ao agente literário contratado por Dmitri, Andrew Wylie, oferecê-los para a "Playboy" americana -que os publicará a partir de dezembro.
Os envolvidos na edição de "O Original de Laura" costumam citar um fato irônico quando criticados. Nabokov era admirador de Franz Kafka (1883-1924). Antes de morrer, o tcheco pediu ao amigo Max Brod que queimasse os originais de obras como "O Processo" e "O Castelo". Sobre isso, Nabokov certa vez escreveu: "Felizmente, Max Brod não atendeu ao desejo do amigo".
Brian Boyd, biógrafo do autor, lembra outra ironia, na entrevista à Folha. Nabokov gostava de citar seu poeta favorito, Púchkin, que dizia: "Escrevo por prazer e publico por dinheiro". É de dinheiro, afinal, que trata toda a polêmica. "É inegável que Dmitri tem em mente o que ganhará com a venda do livro e com o aumento do interesse pela obra de Nabokov", diz Boyd. (RC)


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