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Chico Buarque inspira série da Globo
Histórias de "Amor em Quatro Atos", que estreia em janeiro, foram baseadas em cinco canções do compositor
Rodados em São Paulo, os quatro episódios da série têm direção de Roberto Talma, Tadeu Jungle e Bruno Barreto
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
O casamento de Ary está
nas últimas. Uma briga com
a mulher desencadeia a peregrinação pelos bares de São
Paulo. Ele corre a avenida
Paulista, desce a rua Augusta, alcança o viaduto do Chá,
passa pelo edifício Copan.
Nessa busca por sabe-se lá
o quê, ele conhece Vera. A
companhia é agradável. O sexo, inesquecível. Paixão instantânea. No dia seguinte,
vem a conta: Vera é prostituta, ele não sabia. E cobra de
Ary a noitada -ironicamente, a mais romântica que ele
teve nessa sua triste vida.
Assim, resumido, o argumento de "Folhetim", um
dos quatro episódios da microssérie "Amor em Quatro
Atos", que estreia na TV Globo em janeiro, parece até ter
sido inspirado por algum
conto de "A Vida como Ela
É", de Nelson Rodrigues.
Mas não. Foi a letra da canção homônima de Chico
Buarque (aquela dos versos:
"Se acaso me quiseres, sou
dessas mulheres que só dizem sim") que conduziu o roteiro do episódio, trouxe seus
personagens e, no fim, que
vai render sua trilha sonora.
O mesmo vai acontecer
com os versos de "Vitrines",
"Mil Perdões", "Construção"
e "Ela Faz Cinema", canções
de Chico em que os roteiristas Antonia Pellegrino, Marcio Alemão Delgado, Estela
Renner e Tadeu Jungle foram
buscar as outras histórias.
O projeto foi criado por Rodrigo Teixeira, que comprou
os direitos de dez canções de
Chico para este e outros fins.
PACOTE CHICO
Já está publicado, pela Cia.
das Letras, o livro "Essa História Está Diferente", em que
dez escritores criaram contos
sobre as músicas do compositor. Baseado em "Olhos nos
Olhos", Karim Aïnouz está
produzindo o longa "Eclipse
da Violeta" para o cinema.
"Amor em Quatro Atos"
completa o pacote na TV. Coprodutora do projeto, a Globo disponibilizou alguns de
seus atores para a série.
Entre eles estão Carolina
Ferraz, Malvino Salvador,
Vladimir Brichta, Alinne Moraes, Marjorie Estiano, Dalton Vigh e Camila Morgado.
A supervisão geral ficou
sob os cuidados de Roberto
Talma. A direção foi dividida
entre Talma ("Mil Perdões"),
Tadeu Jungle (capítulo que
une "Construção" e "Ela Faz
Cinema") e Bruno Barreto.
Barreto é o único que assina dois episódios. O cineasta
está tratando "Folhetim" e
"Vitrines" como duas metades de uma única história.
Um longa de 80 minutos.
Depois que se apaixonar
pela prostituta em "Folhetim", Ary passa todo o episódio "Vitrines" obcecado por
ela. Segue seus passos às escondidas, como diz a canção,
"catando a poesia que [ela]
entorna no chão".
"Outro dia, brinquei com o
Chico [Buarque]", conta.
"Nos anos 70, ele fez uma
música ["O que Será'] para o
meu filme "Dona Flor e Seus
Dois Maridos". Agora, faço
um filme para músicas dele.
Enfim, estamos quites."
Se o formato pegar, podemos esperar canções de Caetano Veloso, Gilberto Gil e
Tom Jobim virando histórias
em futuras noites da Globo.
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