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Depois de viver avó no cinema, Elke Maravilha será cigana
Ex-jurada do Chacrinha filma dois longas em 2011 e fala de seus oito casamentos
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO
VIVIAN WHITEMAN
EDITORA DE MODA
O diretor Arnaldo Jabor a
imaginou como uma vovó
russa. Em seu "A Suprema
Felicidade", em cartaz nos cinemas, Elke Maravilha vive a
simpática mulher de Marco
Nanini, um músico boêmio
que dá lições de vida ao neto.
"Ela faz um olhar crítico da
família, de observar o erro do
outro. Elke é uma pré-Lady
Gaga", afirma o cineasta.
Outros dois diretores relacionaram a ex-apresentadora de TV à cultura cigana. Em
"A Ilusão Salva a Raça Humana", de Bia Guedes, será a
mãe de um jovem DJ que,
com uma droga, se transporta para um universo paralelo.
"É uma espécie de "Saramandaia" urbana", explica a
diretora, comparando com a
novela de Dias Gomes de personagens fantásticos. Rodrigo Santoro foi convidado para viver o protagonista.
Em "O Gato Preto", estreia
em longa de Clébio Viriato
Ribeiro, Elke vai ser a força
motriz de uma trama de vingança contra um bando de ciganos no sertão do Ceará.
Ribeiro diz que evitou a Elke "explosiva". "Aqui, estará
mais contida. Quer saborear
a eterna juventude. É superdócil, mas capaz de matar
para permanecer jovem."
Para outros, ela pode ser
louca, travesti, um exagero.
Elke Maravilha não rejeita
nenhum rótulo. Desde que
com alguma liberdade poética. "Sou tudo o que pensam
de mim: louca, ridícula..."
Mãe, nunca quis ser, mas
gostou de ser avó, aos 65
anos. "Ainda mais sendo avó
do Jabor", brinca ela.
SOLTA NO MUNDO
Nunca soube o que queria
fazer da vida, mas sabia o
que não queria. "Fui pega a
laço, inclusive para ser artista. A única vez que escolhi fiz
errado: cursei um ano de medicina em Porto Alegre. Depois fiz letras clássicas e filosofia. Comecei três faculdades sem terminar nenhuma."
O pai a obrigou a trabalhar
desde os 12 anos -"para me
soltar para o mundo". Nessa
idade, foi a professora de línguas mais jovem do Brasil.
Depois tentou ser bancária,
secretária e bibliotecária.
Acabou virando modelo,
por sugestão do primeiro marido, o grego Alex. Dali, foi
catapultada à carreira artística como jurada do "Cassino
do Chacrinha", em 1972.
Casamentos, aliás, não lhe
faltam no currículo. O oitavo,
com o artista Sasha, 27 anos
mais novo, terminou recentemente. "Sou casamenteira.
Mas me libertei dos hormônios e perdi o tesão na periquita. Gozo com a cabeça. Sexo era bom. Mas hoje percebo que era uma escravidão."
Daí também não se encaixar em padrões estéticos. Para ela, Deus acertou em muitos animais, até na minhoca,
mas errou a mão quando fez
o homem. "Somos feios. Não
sabemos para que viemos ao
mundo. Temos de dar um jeito nisso, então procuro fazer
de mim uma obra de arte."
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