São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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"Deixo a moda-uniforme para burrinhas"

DA EDITORA DE MODA

Elke Maravilha leva a sério essa história de estilo.
Nos idos de 1969, recém-chegada ao Rio, ela resolveu mudar o visual e desbravar as avenidas cariocas vestindo roupa rasgada e maquiagem borrada.
Resultado: tomou uma surra feia de um grupo de mauricinhos em Ipanema. "Eu morro, mas não viro normalzinha, arrumadinha. Minha roupa é alma, é expressão. A modinha-uniforme eu deixo para as burrinhas sem personalidade", diz.
Anos depois, virou modelo profissional. Desfilou para grandes estilistas entre as décadas de 70 e 80, entre eles Guilherme Guimarães e Zuzu Angel (1923-1976). Inspirou criações de Clodovil (1937-2009), montou figurinos para o grupo performático Dzi Croquettes e ganhou espaço como ícone fashion.
Na passarela e nos editoriais, ela encarnava personagens um tanto sem graça para o seu gosto apimentado, mas a exuberância de Elke Maravilha influenciou os fashionistas da época.
"Depois de um certo tempo, minhas loucuras acabavam sendo incorporadas às fotos, as pessoas me achavam muito criativa. Mas às vezes tinha de botar um terninho e me sentia ridícula."
Seus looks, segundo ela, são um misto de escavação arqueológica, elementos religiosos e folclore, tudo temperado com um olhar novo.
"Pego as referências, dou uma remexida e jogo tudo para o futuro. Fui pioneira da roupa multicultural."
Elke conta que escolhe seu figurino a partir do que está sentindo no dia. "Defino a minha roupa a partir do meu espírito. Às vezes, até ponho na mala mais de uma roupa para escolher quando vou participar de algum evento."
Gosta de ter pelo menos uma hora para se arrumar e maquiar, "mas posso fazer até em 20 minutos". "Querem que a gente use só o cabelo da cabeça. Mas eu acho isso mixo. Gosto de aplique."
Musa de estilistas contemporâneos como Ronaldo Fraga e Walério Araújo, diz que se emociona com as homenagens e adora quando aparece um convite para desfilar.
"Ai, criança, a veia aqui ainda dá pinta na passarela", diz, soltando uma contagiante gargalhada. (VW)


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