|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"XUXA E OS DUENDES"
Sem novas "celebridades", filme agora é "com história"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Com história." O selo, que costuma estampar os cartazes de alguns raros filmes pornôs, desta
vez poderia ser usado no novo
longa-metragem de Xuxa, que estréia hoje em 300 salas.
Diferente dos anteriores, "Xuxa
e os Duendes" não é uma coletânea de merchandising e grupinhos populares que estão na lista
dos discos mais vendidos.
Existem duas versões para a razão que levou a apresentadora e
sua "guia", Marlene Mattos, a desistirem do formato "a-gente-põe-tudo-o-que-vende", que funcionou muito bem no anterior,
"Xuxa Popstar" (recorde de bilheteria no Brasil em 2001, com quase
2,4 milhões de espectadores).
Comecemos com a oficial, dada
à Folha por Diler Trindade, produtor do longa: "A Xuxa queria
fazer um filme sobre duendes e
contar uma história infantil. Com
esse tema, era difícil trabalhar
com merchandising. A Marlene
[Mattos, produtora associada"
decidiu abandonar o roteiro "formato chanchada", costurado por
musicais, e adotar o "formato Disney", de contar uma história".
A outra versão vem dos bastidores: como se apoiar em grupinhos
de pagode, axé, cantores sertanejos, se nada vende tão bem no
mercado brasileiro de hoje? Que
nova "celebridade" poderia atrair
espectadores para o filme?
Em "Xuxa Popstar", do ano
passado, foi mais fácil. Com o
mercado de discos ainda em alta,
a moda foi o tema ideal para costurar o que importava: a aparição
sem contexto de KLB, As Meninas, É o Tchan... O roteiro era
apoio para o desfile de "famosos".
A opção deste ano foi concentrar forças em contar uma história. E o motivo oficial que levou a
apresentadora a optar por essa temática é assumidamente místico:
"Eu vi um duende em minha casa.
As pessoas podem rir, mas isso é
muito sério", disse Xuxa na pré-estréia, em São Paulo, dia 1º.
"Duendes", que tem direção de
Paulo Sérgio de Almeida e Rogério Gomes, foi orçado em R$ 3,8
milhões, R$ 600 mil a mais que
"Popstar". Desse valor, segundo
Trindade, R$ 3 milhões já foram
arrecadados por meio de patrocínio, pelas leis de incentivos fiscais.
E, apesar de o merchandising
não ser mais protagonista do longa, ele não ficou de fora. O cliente
interessado queria vender em
"Duendes" uma tinta para cabelos. Como as fadas e seus amiguinhos não frequentam salão de beleza, criou-se um "making of".
Nas "cenas que não foram ao ar",
exibidas depois do longa, as atrizes usam o produto, e o espectador ganha um brinde: vê a dificuldade de Luciana Gimenez para interpretar o seu papel, que tinha
duas falas... Além dela, "Duendes" conta com a "interpretação"
de outros apresentadores: Gugu
(Rico), Ana Maria Braga (Zinga) e
Luciano Huck (Tomate).
E a história é a seguinte: o reino
dos duendes está em festa comemorando a entrega da responsabilidade de cuidar da natureza ao
príncipe Damiz (Leonardo Cordonis). Mas o vilão Gorgon (Guilherme Karan) prende o duendezinho na parede do quarto da garotinha Nanda (Debby) e convence seu sócio, Rico, a comprar a casa da menina e levar o "progresso" à floresta. Kira (Xuxa) terá a
missão de libertar o duende preso
na parede e salvar a Terra... É ou
não é um filme "com história"?
XUXA E OS DUENDES. Direção: Paulo
Sérgio de Almeida e Rogério Gomes.
Produção: Brasil/2001. Com Xuxa
Meneghel, Debby, Guilherme Karan.
Quando: a partir de hoje nos cines Anália
Franco, Eldorado, Interlagos e circuito.
Texto Anterior: "Monstros S/A": No peito dos monstros também há um coração Próximo Texto: Erika Palomino Índice
|