São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2001

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"XUXA E OS DUENDES"

Sem novas "celebridades", filme agora é "com história"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Com história." O selo, que costuma estampar os cartazes de alguns raros filmes pornôs, desta vez poderia ser usado no novo longa-metragem de Xuxa, que estréia hoje em 300 salas.
Diferente dos anteriores, "Xuxa e os Duendes" não é uma coletânea de merchandising e grupinhos populares que estão na lista dos discos mais vendidos.
Existem duas versões para a razão que levou a apresentadora e sua "guia", Marlene Mattos, a desistirem do formato "a-gente-põe-tudo-o-que-vende", que funcionou muito bem no anterior, "Xuxa Popstar" (recorde de bilheteria no Brasil em 2001, com quase 2,4 milhões de espectadores).
Comecemos com a oficial, dada à Folha por Diler Trindade, produtor do longa: "A Xuxa queria fazer um filme sobre duendes e contar uma história infantil. Com esse tema, era difícil trabalhar com merchandising. A Marlene [Mattos, produtora associada" decidiu abandonar o roteiro "formato chanchada", costurado por musicais, e adotar o "formato Disney", de contar uma história".
A outra versão vem dos bastidores: como se apoiar em grupinhos de pagode, axé, cantores sertanejos, se nada vende tão bem no mercado brasileiro de hoje? Que nova "celebridade" poderia atrair espectadores para o filme?
Em "Xuxa Popstar", do ano passado, foi mais fácil. Com o mercado de discos ainda em alta, a moda foi o tema ideal para costurar o que importava: a aparição sem contexto de KLB, As Meninas, É o Tchan... O roteiro era apoio para o desfile de "famosos".
A opção deste ano foi concentrar forças em contar uma história. E o motivo oficial que levou a apresentadora a optar por essa temática é assumidamente místico: "Eu vi um duende em minha casa. As pessoas podem rir, mas isso é muito sério", disse Xuxa na pré-estréia, em São Paulo, dia 1º.
"Duendes", que tem direção de Paulo Sérgio de Almeida e Rogério Gomes, foi orçado em R$ 3,8 milhões, R$ 600 mil a mais que "Popstar". Desse valor, segundo Trindade, R$ 3 milhões já foram arrecadados por meio de patrocínio, pelas leis de incentivos fiscais.
E, apesar de o merchandising não ser mais protagonista do longa, ele não ficou de fora. O cliente interessado queria vender em "Duendes" uma tinta para cabelos. Como as fadas e seus amiguinhos não frequentam salão de beleza, criou-se um "making of". Nas "cenas que não foram ao ar", exibidas depois do longa, as atrizes usam o produto, e o espectador ganha um brinde: vê a dificuldade de Luciana Gimenez para interpretar o seu papel, que tinha duas falas... Além dela, "Duendes" conta com a "interpretação" de outros apresentadores: Gugu (Rico), Ana Maria Braga (Zinga) e Luciano Huck (Tomate).
E a história é a seguinte: o reino dos duendes está em festa comemorando a entrega da responsabilidade de cuidar da natureza ao príncipe Damiz (Leonardo Cordonis). Mas o vilão Gorgon (Guilherme Karan) prende o duendezinho na parede do quarto da garotinha Nanda (Debby) e convence seu sócio, Rico, a comprar a casa da menina e levar o "progresso" à floresta. Kira (Xuxa) terá a missão de libertar o duende preso na parede e salvar a Terra... É ou não é um filme "com história"?


XUXA E OS DUENDES. Direção: Paulo Sérgio de Almeida e Rogério Gomes. Produção: Brasil/2001. Com Xuxa Meneghel, Debby, Guilherme Karan. Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Eldorado, Interlagos e circuito.


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