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Parceria reúne Ernesto Neto e Carlos Bevilacqua
Em mostra, os artistas apresentam uma série de esculturas em "escala íntima"
Exposição "O abraço no Tempo...Jazz" é inaugurada na Fortes Vilaça; local abriga também trabalhos de Tiago Carneiro da Cunha
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em música, duetos são prática comum, mas em artes plásticas a realização de parcerias
não costuma ser usual, mesmo
que exercida, de forma crescente, por jovens artistas. Entretanto, entre artistas consagrados a divisão da autoria definitivamente não é constante.
Por isso, "O abraço no Tempo...Jazz", que é inaugurada hoje, na galeria Fortes Vilaça, revela-se como o último acontecimento relevante do ano em
artes plásticas, ao reunir dois
artistas com carreiras já sedimentadas: Carlos Bevilacqua e
Ernesto Neto, este um dos cinco nomes nacionais com maior
presença no circuito internacional, expondo regularmente
na Europa, Ásia e EUA.
"Essa parceria existe há muitos anos, nós dividimos um ateliê, nos anos 80, somos amigos
e, além disso, percebemos que
temos uma mesma ética no trabalho, como mostrar a estrutura da escultura ou em como tornar aparente o modo como as
coisas se relacionam entre si",
conta Neto, 42.
A idéia para a exposição surgiu de uma outra experiência,
em 2004, quando Neto foi convidado a realizar uma mostra
na Irlanda, na galeria Butler.
"Olhando o espaço da galeria,
acabei vendo-o como um acelerador de partículas e, por isso,
convidei outros quatro artistas
para dividirem o espaço: o Bevilacqua, Tatiana Grinberg,
Fernanda Gomes e Franklin
Cassaro. Curiosamente, foi
com os homens que meu trabalho de fato interagiu e por conta
das duas esculturas que fizemos juntos, a Márcia Fortes
nos convidou para a mostra."
O resultado dessa parceria
são esculturas pequenas, escala
abandonada nas mais recentes
produções de Neto, em geral
monumentais- como "Leviathan Thot", montada, atualmente, no Panthéon, em Paris.
"Eu estava buscando essa escala mais íntima há algum tempo
e alcancei ela com a parceria."
Nessas pequenas esculturas,
percebe-se as poéticas de cada
artista sem que isso soe como
um dueto artificial. "Nós observamos a natureza da geometria
em nossos trabalhos, e mesmo
que a obra do Neto seja totalmente orgânica, a base do orgânico também é a geometria. O
que estamos fazendo é igual ao
jazz, cada um vem com sua parte e juntos a gente faz outra coisa", afirma Bevilacqua, 41.
Sócio da galeria A Gentil Carioca, no Rio, junto com os artistas Laura Lima e Marcio Botner, parcerias têm se tornado
comum na vida de Neto. "Creio
que só posso realizar essa mostra por conta da experiência
com a galeria, em aprender a
olhar o trabalho de outros artistas, ter que falar sobre eles e
não só sobre meu próprio trabalho. Tem sido muito gratificante ver o trabalho de uma
pessoa se desenvolver e isso
abriu o espaço afetivo, para
uma transcendência."
Durante a montagem da exposição, anteontem, a dupla decidia como melhor ocupar o espaço da galeria. "É como uma
jam-session. Como toda experiência nos modifica, agora estou interessado em trabalhar
com outros materiais, como o
barro", conta Bevilacqua.
Já no mezanino da galeria, o
artista Tiago Carneiro da Cunha apresenta três novas esculturas em resina, cada uma
abordando um distinto tema:
violência, sexo e exotismo.
O ABRAÇO NO TEMPO...JAZZ
Quando: abertura, hoje, 20h; de ter.
a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h
às 17h; até 16/2
Onde: Fortes Vilaça (r. Fradique
Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/3032-7066)
Quanto: entrada franca
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