São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Parceria reúne Ernesto Neto e Carlos Bevilacqua

Em mostra, os artistas apresentam uma série de esculturas em "escala íntima"

Exposição "O abraço no Tempo...Jazz" é inaugurada na Fortes Vilaça; local abriga também trabalhos de Tiago Carneiro da Cunha


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em música, duetos são prática comum, mas em artes plásticas a realização de parcerias não costuma ser usual, mesmo que exercida, de forma crescente, por jovens artistas. Entretanto, entre artistas consagrados a divisão da autoria definitivamente não é constante.
Por isso, "O abraço no Tempo...Jazz", que é inaugurada hoje, na galeria Fortes Vilaça, revela-se como o último acontecimento relevante do ano em artes plásticas, ao reunir dois artistas com carreiras já sedimentadas: Carlos Bevilacqua e Ernesto Neto, este um dos cinco nomes nacionais com maior presença no circuito internacional, expondo regularmente na Europa, Ásia e EUA.
"Essa parceria existe há muitos anos, nós dividimos um ateliê, nos anos 80, somos amigos e, além disso, percebemos que temos uma mesma ética no trabalho, como mostrar a estrutura da escultura ou em como tornar aparente o modo como as coisas se relacionam entre si", conta Neto, 42.
A idéia para a exposição surgiu de uma outra experiência, em 2004, quando Neto foi convidado a realizar uma mostra na Irlanda, na galeria Butler.
"Olhando o espaço da galeria, acabei vendo-o como um acelerador de partículas e, por isso, convidei outros quatro artistas para dividirem o espaço: o Bevilacqua, Tatiana Grinberg, Fernanda Gomes e Franklin Cassaro. Curiosamente, foi com os homens que meu trabalho de fato interagiu e por conta das duas esculturas que fizemos juntos, a Márcia Fortes nos convidou para a mostra."
O resultado dessa parceria são esculturas pequenas, escala abandonada nas mais recentes produções de Neto, em geral monumentais- como "Leviathan Thot", montada, atualmente, no Panthéon, em Paris. "Eu estava buscando essa escala mais íntima há algum tempo e alcancei ela com a parceria."
Nessas pequenas esculturas, percebe-se as poéticas de cada artista sem que isso soe como um dueto artificial. "Nós observamos a natureza da geometria em nossos trabalhos, e mesmo que a obra do Neto seja totalmente orgânica, a base do orgânico também é a geometria. O que estamos fazendo é igual ao jazz, cada um vem com sua parte e juntos a gente faz outra coisa", afirma Bevilacqua, 41.
Sócio da galeria A Gentil Carioca, no Rio, junto com os artistas Laura Lima e Marcio Botner, parcerias têm se tornado comum na vida de Neto. "Creio que só posso realizar essa mostra por conta da experiência com a galeria, em aprender a olhar o trabalho de outros artistas, ter que falar sobre eles e não só sobre meu próprio trabalho. Tem sido muito gratificante ver o trabalho de uma pessoa se desenvolver e isso abriu o espaço afetivo, para uma transcendência."
Durante a montagem da exposição, anteontem, a dupla decidia como melhor ocupar o espaço da galeria. "É como uma jam-session. Como toda experiência nos modifica, agora estou interessado em trabalhar com outros materiais, como o barro", conta Bevilacqua.
Já no mezanino da galeria, o artista Tiago Carneiro da Cunha apresenta três novas esculturas em resina, cada uma abordando um distinto tema: violência, sexo e exotismo.


O ABRAÇO NO TEMPO...JAZZ
Quando:
abertura, hoje, 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 16/2
Onde: Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/xx/11/3032-7066)
Quanto: entrada franca


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