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Crítica
"Adaptação" é manifestação de narcisismo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em "Adaptação" (AXN,
22h), Charlie Kaufman escreve
um roteiro sobre as dificuldades de Charlie Kaufman para
escrever um roteiro.
Desde o tempo de Irving
Thalberg é difícil que tenha havido alguma manifestação de
narcisismo mais explícita em
Hollywood. E Charlie Kaufman é, antes de mais nada, produto de uma cultura autopromocional.
Ainda assim, este é possivelmente o melhor roteiro do escritor, pois em vez de se vender
como uma raridade intelectual
em Los Angeles, fala um pouco
da dificuldade de escrever -no
caso, de adaptar um romance.
Quem vai surgir em cena e ajudá-lo a sair da encrenca é o irmão gêmeo Donald, um malandro e, na verdade, uma espécie
de alterego.
O filme dirigido por Spike
Jonze é quase uma celebração
de certos modismos que, alguns anos atrás, levavam às nuvens os irmãos Coen. Kaufman
é, até hoje, mais uma celebridade do que escritor. Não costuma ir longe.
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