São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Crítica

"Adaptação" é manifestação de narcisismo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em "Adaptação" (AXN, 22h), Charlie Kaufman escreve um roteiro sobre as dificuldades de Charlie Kaufman para escrever um roteiro.
Desde o tempo de Irving Thalberg é difícil que tenha havido alguma manifestação de narcisismo mais explícita em Hollywood. E Charlie Kaufman é, antes de mais nada, produto de uma cultura autopromocional.
Ainda assim, este é possivelmente o melhor roteiro do escritor, pois em vez de se vender como uma raridade intelectual em Los Angeles, fala um pouco da dificuldade de escrever -no caso, de adaptar um romance. Quem vai surgir em cena e ajudá-lo a sair da encrenca é o irmão gêmeo Donald, um malandro e, na verdade, uma espécie de alterego.
O filme dirigido por Spike Jonze é quase uma celebração de certos modismos que, alguns anos atrás, levavam às nuvens os irmãos Coen. Kaufman é, até hoje, mais uma celebridade do que escritor. Não costuma ir longe.


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