Radicado na França e reconhecido como grande trombonista, Raulzinho se apresenta com Paulo Moura

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma coisa há muito tempo já se sabe: Raul de Souza, o Raulzinho, é um dos maiores trombonistas do mundo. Seus discos, gravados no Brasil e no exterior, além dos inúmeros músicos importantes com quem já tocou, atestam isso. A história vem desde os anos 50 e passa pela gafieira, música instrumental, bossa nova, samba-jazz, jazz, fusion e assim vai.
Após participar da revolução de modernização da música brasileira na década de 60, saiu do país em 1970 e desde então só voltou para temporadas. E agora acontece mais uma, em que lança disco pela gravadora Biscoito Fino e faz hoje apresentação no Sesc Pompéia, com participação do clarinetista Paulo Moura.
O novo álbum, "Jazzmin", foi gravado há dois anos, com acompanhamento do quarteto curitibano Na Tocaia. É o primeiro disco de Raulzinho gravado no Brasil desde "Rio", de 1998. No país por apenas alguns meses, o músico promete passar mais tempo aqui.
Depois de 16 anos nos EUA e temporadas no México, Raulzinho se mudou para a França, onde tem morado nos últimos anos. Lá, em clima familiar, aluga um restaurante com sua mulher, a família faz panquecas e atende os clientes e ele toca com seu conjunto.
"Eu estou morando em Paris há nove anos. A cada ano que passa faço shows melhores por lá, mas é sempre no verão. Estou cansado de sofrer com frio e geada no pé. Meu plano é começar a ficar oito, nove meses no Brasil e três, quatro por lá", conta o trombonista.
O show que acontece hoje tem ares de ocasião especial pela participação de Paulo Moura. Um dos primeiros músicos com quem tocou, Raulzinho lembra que há 50 anos se apresentou pela primeira vez em São Paulo, trazido por Moura. "Em 1956, o Paulo Moura organizou uma orquestra para fazer um concerto de jazz no teatro Cultura Artística", lembra o trombonista. "Ele me convidou e eu vim tocar com ele mais João Donato no piano. Foi a primeira vez que vim a São Paulo e, desde então, me apaixonei pela cidade."