São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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Leo Cavalcanti cria pop transcendental a partir de máscaras

Disco "Religar" tem lançamento hoje com show sem figurinos andróginos nem marcação teatral em SP

Influenciado pela percussão dos tempos na banda do pai, músico faz parte de nova geração nacional

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Com o lançamento, hoje à noite, de "Religar", primeiro álbum de Leo Cavalcanti, podemos considerar encerrado o ano que coroou a guinada paulistana para o centro criativo da música brasileira.
Leo vem se unir a Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Luisa Maita, Thiago Pethit e outros estreantes que, nem sempre nascidos na cidade, trabalharam nutridos pela cena que nela se instalou. E acabaram por construir, em 2010, discos importantes para o que será o Brasil da próxima década.
Esteticamente, "Religar" (DeleDela; R$ 20, em média) não se parece com nenhum dos supracitados -o que o torna um filho legítimo da geração que não organiza movimentos homogêneos, mas se une para colaborar uns com as diferenças dos outros.
Produzido em nove meses de estúdio por Leo e mais Décio 7 e Cris Scabello, o disco se caracteriza pela grandiosidade dos arranjos, compostos por sobreposições de guitarras, alaúdes, beat box, violinos, castanholas, trompetes, bandolins, cellos e programações eletrônicas.
"Gravamos todas as músicas ao vivo, depois picotamos esse material [no computador] e fomos colando as camadas de instrumentos, os coros", diz. "Grande parte dos arranjos já nasceram na hora da composição, a partir da batida do meu violão."
A tal batida de violão vem da linhagem percussiva de Gilberto Gil, Djavan e Lenine. Leo atribui o estilo ao passado de percussionista, quando, aos 14 anos, era músico nos shows do pai, Péricles Cavalcanti, e do grupo infantil Palavra Cantada.

IOGA
O conteúdo das letras também distingue Leo dos colegas da cena. No texto que escreveu sobre o CD, seu parceiro Tatá Aeroplano o classifica como "pop transcendental" -o que dá uma boa dica a respeito da temática geral.
Leo cita como principal agente motivador de suas músicas a "necessidade de trabalhar com as questões do ego, entender a estrutura da mente, identificar as nossas máscaras e os escuros que evitamos tanto olhar".
Ele conta que foi tomando intimidade com tais assuntos a partir da ioga, que pratica há seis anos, e do interesse por ciências holísticas.
Todo esse repertório já vem sendo testado desde 2007, quando estreou uma temporada de shows no Grazie a Dio, na Vila Madalena.
Ali, chamou a atenção principalmente pela impactante performance, que incluía figurinos andróginos e marcação cênica. No show de hoje, não pretende recorrer a nada disso.
"Naquele começo, queria estabelecer um roteiro marcado. Com as mudanças que vieram com o disco, tenho vontade de trabalhar a espontaneidade e a liberdade."

LEO CAVALCANTI
QUANDO hoje, às 23h
ONDE Studio SP (r. Augusta, 591; tel. 0/xx/11/3129-7040)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO18 anos




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