São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILMES

TV PAGA

Otto Preminger traduz vida e morte na veia

PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O que há de contraditório nas drogas é o prazer supremo que oferecem acompanhado de uma destruição física profunda. Vida e morte num mesmo ato, portanto. O que o aproxima do sexo, que no clímax nos arranca da realidade para nos colocar em outra órbita que traz tanto energia como sensação de morte.
Há também a natureza proibida de ambos, e não é por menos que há quem julgue o sexo como um vício. Daí que só um cineasta tão íntimo com corpos e sexualidade na tela como Otto Preminger para dar conta deste assunto pantanoso em 1955, em "O Homem do Braço de Ouro". Um filme feito com peças do "mercado negro": a sexualidade de Frank Sinatra e Kim Novak, o consumo explícito de drogas e a musicalidade do jazz cadenciando a "trip" do baterista Frankie Machine, o protagonista.
Essa passagem em que ele toma um pico é exemplar. A música de Elmer Bernstein assume o áudio e a câmera vai até seus olhos para registrar o êxtase, com pupilas dilatadas sibilando até o fechar das pálpebras. Uma imagem que poderia estar numa seqüência de sexo, em registro tão simbólico quanto explícito.
Preminger não tomou drogas para fugir de uma realidade brutal, a do nazismo, quando partiu para os EUA ainda nos anos 30. Construiu uma filmografia que abalava a hipocrisia de certas fortalezas morais, como a justiça e o desejo sexual. Com pé num cinema mais anos 40, glamourizado, e o outro pisando em terreno mais físico, ele foi dos cineastas-autores que modernizaram a dramaturgia e estética do cinema americano nos anos 50. Curioso que o filme, com censura nazista em plenos EUA, parece também um caso de consumo de ácido, onde se foge de uma realidade para se cair em outra não muito melhor.


O HOMEM DO BRAÇO DE OURO. Quando: hoje, às 21h, no Telecine Classic.

TV ABERTA

"Esperando por Guffman" vê sonhos de diretor teatral

Operação Cupido
SBT, 14h.
(The Parent Trap). EUA, 1998. Direção: Nancy Meyers. Com Lindsay Lohan. "Remake" do filme infanto-juvenil de 61, sobre gêmeas separadas ainda bebês.

Não Quebre Meu Coração
SBT, 16h.
(Don't Go Breaking My Heart). EUA, 1998. Direção: Willi Patterson. Com Anthony Edwards. Comédia romântica sobre os problemas de professor que, separado da mulher, se interessa por outra moça, que por sua vez tem um namorado.

King Kong
Globo, 16h10.
EUA, 1976. Direção: John Guillermin. Com Jeff Bridges. O produtor Dino de Laurentis fez essa refilmagem crente que tinha uma futura estrela nas mãos, Jessica Lange. Não deu outra. O problema é que a comparação com a história original (dos anos 30) do enorme símio que se apaixona por uma garota é constrangedora -para a versão de 76.

O Exterminador do Futuro
Record, 21h.
(The Terminator). EUA, 1984. Direção: James Cameron. Com Arnold Schwarzenegger. Arnold é o vilão da história, como o ciborgue que vem do futuro para exterminar a mãe daquele que deveria ser o futuro salvador da humanidade (num momento em que os ciborgues tentariam o controle da Terra).

O Corpo
Globo, 23h30.
(The Body). EUA, 2001. Direção: Jonas McCord. Com Antonio Banderas. Um corpo datando do século 1 a.C. é encontrado por expedição arqueológica. Os exames constatam que possa vir a ser o corpo de Cristo. Inédito.

Esquentando o Alasca
SBT, 23h30.
(Mystery, Alaska). EUA, 1999. Direção: Jay Roach. Com Russell Crowe. Time de hóquei de Mystery, Alasca, topa disputar uma partida contra os poderosos Rangers de Nova York.

Desafio sem Limites
SBT, 1h45.
(Good Luck). EUA, 1997. Direção: Richard Labrie. Com Vincent D"Onofrio. Ex-jogador de futebol americano fica cego depois de acidente.

Comportamento Indecente 2
Bandeirantes, 2h. (Indecent Behavior 2). EUA, 1994. Direção: Carlo Gustaff. Com Shannon Tweed. Uma terapeuta sexual procura ajuda de um colega para investigar o assassinato de uma cliente.

Esperando por Guffman
SBT, 3h30.
(Waiting ofr Guffman). EUA, 1996. Direção: Christopher Guest. Com Lewis Arquette. O próprio diretor (e roteirista) faz o papel do diretor teatral da pequena Blaine, Missouri, que prepara um musical com atores locais para comemorar os 150 anos da cidade. Em dado momento, ele começa a crer que um produtor da Broadway mandaria um olheiro para ver o espetáculo. Só para São Paulo.

Bordel da Sangue
Globo, 3h35.
(Tales from the Crypt Presents Bordello of Blood). EUA, 1996. Direção: Gilbert Adler. Com Dennis Miller. Investigações sobre o irmão de um reverendo moralista levam detetive a um bordel com vampiras sedentas por sangue e algo mais.

A Caixa de Pandora
SBT, 4h50.
(Can of Worms). EUA, 1999. Direção: Paul Schneider. Com Michael Shulman. Após um dia de cão, adolescente toma de seu radiotransmissor e convoca os extraterrestres do universo a ajudá-lo. Eles até que atendem ao seu apelo, mas vêm tanto os aliens do bem como os do mal. O problema está armado. (INÁCIO ARAUJO E PAULO SANTOS LIMA)

Texto Anterior: Televisão - Daniel Castro: TV festeja recuo do governo com Ancinav
Próximo Texto: Programação de TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.