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Análise
Série premiada segue escola de "Soprano"
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Menos extenso em categorias do que o
Emmy, mesmo assim o Globo de Ouro é uma premiação de enorme prestígio para a produção de TV americana.
A entrega deste ano sinalizou,
como na distribuição dos prêmios para cinema, uma pulverização entre as cadeias, produtores e tendências da ficção,
mantendo o compromisso com
o conceito de "quality TV" e
sem se prender apenas a desempenhos de audiência.
A rede de TV a cabo AMC, até
agora especializada em telefilmes, desbancou suas arquiconhecidas e concorrentes de peso, HBO e Showtime, com a vitória de "Mad Men" como melhor série dramática. Seu protagonista, Jon Hamm, também
derrubou o multipremiado
Hugh Laurie (de "House") e
até mesmo a espetacular presença de Michael C. Hall em
"Dexter". Os dois prêmios
para "Mad Men" indicam a permanência do peso forte do modelo de ficção consolidada por
"Família Soprano" na TV americana.
A escola Soprano foi onde o
criador de "Mad Men" desenvolveu a pontaria que tão bem
lhe serve nesta ficção em que a
excelência dos diálogos funciona, como na criação de David
Chase, como revelações clínicas dos males do homem médio
americano.
Enquanto o quesito espetáculo foi menosprezado pela
premiação, ao deixar de lado a
luxuosa e vazia "The Tudors", a
não menos espetacular presença de Glenn Close (que abrilhanta o ótimo "Dammages")
reitera que a produção de TV é
um nicho cobiçadíssimo por
atores que outrora brilharam
em produções de cinema (com
ela concorriam, entre outras,
Sally Field, Holly Hunter e Patricia Arquette, todas algum dia
nomes fortes de Hollywood).
Já a premiação de séries cômicas ou musicais indica a tendência de ficções voltadas para
os bastidores da ficção ("Extras", "30 Rock", "Entourage",
"Californication", todas se passam em volta deste universo).
A escolha de "Extras" reitera
a supremacia do britânico Rick
Gervais sobre seus pares americanos. O cérebro cômico por
trás da versão original de "The
Office" dispara seu arsenal de
gargalhadas para demolir o glamour da indústria do espetáculo na corrosiva "Extras". Na
mesma veia, "Entourage" manteve o pique em sua quarta
temporada, com o cinismo em
foco. O ritmo de "30 Rock" garantiu o prêmio de atriz cômica
para Tina Fey, e David Duchovny encontrou, enfim, o papel que lhe ajudou a se livrar do
passado de Fox Mulder.
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