|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia tem um suspeito de atirar em Bortolotto
Secretaria de Segurança Pública mobiliza 9 investigadores, 5 escrivães e 1 delegado só para trabalhar no caso do dramaturgo
Sem prova material até
agora, inquérito sobre o
assalto em bar na praça
Roosevelt avança pouco,
apesar de ser prioridade
FABIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia já tem um suspeito
de ter baleado o dramaturgo
Mário Bortolotto no início de
dezembro num bar da praça
Roosevelt, centro de São Paulo,
mas a vítima não o identificou
como responsável pelos disparos. Como também não há até
aqui nenhuma prova material
do crime, a investigação continua em aberto.
Segundo a Folha apurou, por
determinação do alto escalão
da Secretaria de Segurança Pública, uma equipe inteira do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa),
onde corre o inquérito, está
mobilizada para cuidar do caso.
São nove investigadores, cinco
escrivães e um delegado. A unidade, responsável por investigar crimes contra a vida em sete bairros da região central da
cidade, teve de suspender os
130 inquéritos sob sua responsabilidade para elucidar com
agilidade o caso de Bortolotto.
Desde o início, o governo do
Estado tem dedicado atenção
especial ao episódio. O governador José Serra visitou o dramaturgo no hospital.
Cinco dias após o assalto, no
qual Bortolotto e o ilustrador
Carcarah foram baleados, um
homem foi preso no Pacaembu
por roubar a bolsa de uma mulher. Mais tarde investigadores
do DHPP descobriram se tratar
de um ladrão que frequentava
o submundo de drogas da praça
Rossevelt. Um depoente no caso disse à polícia ter ouvido relatos de outros marginais do local de que este homem admitira ter atirado "no velhinho"
-forma como se referiam a
Bortolotto, 47, que é grisalho.
A Folha apurou que testemunhas do assalto -amigos do
dramaturgo que estavam com
ele naquela madrugada no bar
do Espaço Parlapatões- convocadas a fazer a identificação
acharam o suspeito muito parecido com o bandido que alvejou Bortolotto e Carcarah. Mas
preferiram não dar certeza,
deixando a tarefa para Bortolotto, que o encarou de perto.
Ocorre que, ao ser confrontado com o suspeito no último
dia 8, quando também depôs à
polícia, Bortolotto se revelou
incapaz de identificá-lo como o
autor dos disparos. Alegou que
estava muito bêbado naquela
madrugada para conseguir
apontar quem quer que fosse
como o responsável.
No entender de policiais, o
real motivo de Bortolotto ao se
dizer inapto seria o fato de ele
ser conhecido no submundo da
praça Roosevelt, além de saber
que, nesse universo, a delação é
tida como imperdoável.
Procurado, Bortolotto não
quis dar entrevista. Em seu
blog, por meio do qual tem comentado o episódio, escreveu:
"Eu queria mesmo era querer
que esses filhos das putas se fodessem, mas eu sinceramente
não consigo pensar nisso. Não
consigo cultivar sentimentos
de ódio ou vingança".
No depoimento à polícia, o
dramaturgo disse que tinha ingerido vários uísques. Recordou que levou uma coronhada
de um dos assaltantes. Em reação, fitou o bandido e disse-lhe
alguma coisa (afirmou não
lembrar o quê) e, então, se
agarrou a ele, e ambos caíram
no chão, quando vieram os disparos. Presentes contaram em
depoimento que ele desafiou o
assaltante a atirar, o que depois
ele confirmou no blog.
Foram encontrados no local
dez projéteis calibre 380 (um
estava intacto), disparados pelo mesmo assaltante, o único
dos quatro que estava armado.
Três atingiram Bortolotto e
três, a perna de Carcarah.
A arma continua desaparecida, e não há pista sobre a Parati
preta que testemunhas dizem
ter sido o carro da fuga.
Depois de 23 dias no hospital, 13 deles na UTI, o dramaturgo se recupera em casa.
Texto Anterior: Fantasia: Carnaval da escola Porto da Pedra homenageia a moda Próximo Texto: Coco Chanel ganha biografia com ares novelescos no domingo Índice
|