São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 1997.

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TV PAGA
Canal afirma que usa a "política" para atingir público familiar nos EUA, Europa, Ásia e América Latina
TNT corta palavrão e sexo dos filmes

DANIELA ROCHA
da Reportagem Local

O canal de TV paga TNT, que tem programação predominante de filmes, corta as cenas de sexo e os palavrões dos longas que exibe.
A justificativa, segundo o diretor-executivo de programação da TNT para América Latina, Rick Perez, é ter uma programação para atingir o público familiar.
O canal exibe, além de filmes atuais, os clássicos, documentários, jogos e programas especiais de esportes e variedades.
O problema é que o público consumidor só descobre que a TNT corta sequências inteiras dos filmes quando os está assistindo.
"Achamos que existe um excesso de palavrões e de cenas de sexo nos filmes que não deve ser exibido em horário comercial. Cenas de sexo não alteram o curso da história de um filme. Elas e os palavrões não são relevantes", afirma.
Segundo ele, quem não fica satisfeito com a programação tem as opções de ver filmes em outros canais que exibem a versão integral, como HBO e Cinemax. "Temos responsabilidade sobre o que exibimos. Consideramos que essa postura contribui para a maior aceitação do canal", disse Perez.
Os cortes seguem instrução da Federal Communication Commission (órgão que regulamenta as telecomunicações, incluindo a programação dos canais de TV, nos Estados Unidos).
"Seguimos um padrão interno de programação. Mas também adotamos as regras, as práticas legais da corporação dos canais norte-americanos, que serve como modelo não apenas para a TNT doméstica como para os mais de 35 países que recebem a nossa programação", afirmou Perez.
Além da América Latina, a TNT também chega à Europa e à Ásia.
Segundo o diretor-presidente da Turner no Brasil, William Barry, 1,5 milhão de brasileiros recebem o sinal da TNT em casa e até hoje não houve reclamação formal dos cortes em filmes. "Apenas certa vez um crítico afirmou em um jornal que preferia ver versões integrais dos filmes", disse.
A Folha já recebeu cartas de leitores que reclamam dos cortes em filmes -uma delas especificava o filme "Fome de Viver", exibido pela TNT no dia 17 de agosto passado. Também existem reclamações das dublagens. Nos filmes dublados, há lacunas de silêncio quando personagens pronunciam um palavrão. Versões legendadas ignoram o termo.
Segundo Barry, A TNT brasileira segue a mesma política da TNT norte-americana. "Existem outros canais que mostram filmes com sexo, palavrões e violência. Não é o nosso estilo. Tentamos não ultrapassar os limites."
Um filme como "Pulp Fiction" não integraria a programação da TNT. "Fazemos uma seleção prévia dos filmes. Esse não entraria."

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