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Mostra exibe a metrópole estrangulada
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um lugar de conflito, uma metrópole asfixiada. As duas leituras
de São Paulo e de outros aglomerados urbanos brasileiros afloram
na exposição "Veracidade", também aberta hoje no MAM paulistano, com curadoria de Eder Chiodetto, colaborador da Folha.
Reunindo registros fotográficos
pertencentes ao rico acervo do
museu, as escolhas de Chiodetto
-que vão de modernistas como
Geraldo de Barros (1923-1998) e
German Lorca até emergentes como Fábio Okamoto, 27- trazem
à tona sensações de sufocamento
e de caos que perpassam grande
parte das imagens.
"Foi interessante perceber que
os impasses que preocupavam os
fotógrafos nos anos 40 ainda continuam a instigar trabalhos de jovens nomes atualmente", afirma
o curador, fotógrafo e crítico.
"É evidente a crise do fotógrafo
e artista por sua incapacidade de
retratar o todo e por perceber o
embate entre o homem e sua circulação", completa.
Assim, longe de qualquer olhar
romântico, as 56 obras têm pequenas seções -como "Bloqueios", com trabalhos de Claudio Edinger, Tuca Reinés, Caíca e
Romulo Fialdini- que organizam o percurso do espectador e o
levam a repensar as paisagens urbanas. Nesse segmento, por
exemplo, Caíca retrata o viaduto
Major Quedinho, em 1980, como
uma massa cinzenta de cimento
que deixa apenas em seu ângulo
direito inferior um respiro -não
totalmente, já que é uma avenida.
Na seção "Vestígios", Cristiano
Mascaro representa o Minhocão
com planos escuros, cujas poucas
luzes vêm de ralas lâmpadas e do
entorno, cujas figuras humanas
perdem completamente a identidade frente à avenida elevada.
Nessa parte da mostra, Chiodetto destaca produções fotográficas
que flertavam com o experimental, como a de Caíca, em 1977. "Tal
ousadia foi muito intensa entre os
modernistas, mas só foi ressurgir
com força nos anos 90", avalia o
curador, que, por isso, ressalta o
trabalho do fotógrafo nos anos 70,
avesso ao experimentalismo, ao
menos nessa área.
Exemplificando os finos limites
entre fotografia, artes plásticas e
videoarte, Chiodetto selecionou
os vídeos "Sempre Tem Mais"
(1996-2002), de Tadeu Jungle, que
parte de paisagens captadas por
um foco fixo, e o "site specific" de
Cris Bierrenbach, uma espécie de
instalação que usa projeção luminosa, uma vitrine e a escultura
"Aranha", de Louise Bourgeois.
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