|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comida
Um cordeiro festivo
Na zona norte de SP, restaurante armênio serve cordeiro cujo preparo demora cinco dias; veja outras casas paulistanas que oferecem a carne
FABIO RIGOBELO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O restaurante, a uma quadra
da igreja de Santo Antônio, no
Pari (zona norte de São Paulo),
promete: "Carlinhos, a arte em
fazer picanha!"-com interjeição e tudo. Mas, como aquela
propaganda antiga, não é o que
parece.
O Carlinhos, que também faz
uma boa carne, na verdade é
Missak Yaroussalian, 62, um
armênio há 50 anos no Brasil,
dono de um dos melhores (e
ainda pouco conhecido fora do
bairro) restaurantes armênios
da cidade.
Tudo começou no Brás, há 38
anos, e agora Carlinhos comemora oito anos nesse novo endereço, com a conclusão de
uma reforma que dobrou o tamanho do salão. A casa é familiar: a mulher, Vartuhyn, fica no
caixa; um dos filhos, Fabio, na
cozinha; e o outro, Fernando,
comanda o salão.
O novo sucesso da casa -um
salão simples, com um belo bar
de madeira na entrada e com
120 lugares- é o cordeiro recheado. Verdadeiro prato festivo da comunidade árabe e armênia, aqui o prato é tratado
com a deferência que merece.
Precisa ser encomendado
com cinco dias de antecedência. É o tempo que leva para
comprar um cordeiro uruguaio
fresco e inteiro, marinar em vinho e especiarias por, no mínimo, três dias, assar lentamente,
já recheado de arroz com açafrão, carne moída e amêndoas
torradas -o snoubar, também
conhecido como pignoli, é uma
opção disponível para maior
autenticidade. É servido com
batatas coradas e brócolis.
Parece prato do Asterix
-serve dez pessoas facilmente
e custa de R$ 500 a R$ 600, dependendo do recheio.
Basturmá e arais
Além dos tradicionais quibe
cru, kafta, babaganuch, tabule e
homus (excelente), Carlinhos
serve pratos especiais como o
basturmá (carne bovina salgada e condimentada, depois finamente fatiada) com ovos fritos na manteiga (gema mole,
para se raspar o prato com pão)
e o arais, uma criação dele: um
pão pita recheado de kafta
amassada, que é colocado na
chapa para ficar crocante. É irresistível.
Foi criado quando o cozinheiro tentava fazer algo parecido com uma esfiha, mas que
fosse de preparo mais rápido e
prático. Pode ser temperado
com mais alho, a pedido, ou ganhar uma camada de parmesão
ralado, que aumenta o sabor
sem umedecer o pão.
O cardápio, uma mistura típica de quem tenta agradar a
vários públicos, inclui ainda
peixes, aves, risotos e massas
-além, é claro, da picanha.
A clientela é formada principalmente pela colônia armênia
e por quem trabalha no movimentado comércio do bairro.
Mas já começa a aparecer uma
moçada de outras regiões.
O serviço de bar é eficiente;
há boa variedade de cervejas
nacionais e alemãs, além de cachaças artesanais. Há pouca
oferta de vinhos e falta uma
adega climatizada, prometida
para os próximos meses. O serviço poderia ser também aperfeiçoado, mas nada disso impede que o restaurante entre definitivamente no roteiro gastronômico da cidade.
CARLINHOS RESTAURANTE
Onde: r. rua Rio Bonito, 1.641, Pari,
tel. 0/xx/11/3315-9474
Funcionamento: seg. a sex., das 11h30 às 15h, sáb., das 11h30 às 16h
Texto Anterior: Nina Horta: Duas faces da mesma moeda Próximo Texto: Cortes do cordeiro podem ser apreciados em outras casas Índice
|