São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

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Comida

Um cordeiro festivo

Na zona norte de SP, restaurante armênio serve cordeiro cujo preparo demora cinco dias; veja outras casas paulistanas que oferecem a carne

FABIO RIGOBELO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O restaurante, a uma quadra da igreja de Santo Antônio, no Pari (zona norte de São Paulo), promete: "Carlinhos, a arte em fazer picanha!"-com interjeição e tudo. Mas, como aquela propaganda antiga, não é o que parece.
O Carlinhos, que também faz uma boa carne, na verdade é Missak Yaroussalian, 62, um armênio há 50 anos no Brasil, dono de um dos melhores (e ainda pouco conhecido fora do bairro) restaurantes armênios da cidade.
Tudo começou no Brás, há 38 anos, e agora Carlinhos comemora oito anos nesse novo endereço, com a conclusão de uma reforma que dobrou o tamanho do salão. A casa é familiar: a mulher, Vartuhyn, fica no caixa; um dos filhos, Fabio, na cozinha; e o outro, Fernando, comanda o salão.
O novo sucesso da casa -um salão simples, com um belo bar de madeira na entrada e com 120 lugares- é o cordeiro recheado. Verdadeiro prato festivo da comunidade árabe e armênia, aqui o prato é tratado com a deferência que merece.
Precisa ser encomendado com cinco dias de antecedência. É o tempo que leva para comprar um cordeiro uruguaio fresco e inteiro, marinar em vinho e especiarias por, no mínimo, três dias, assar lentamente, já recheado de arroz com açafrão, carne moída e amêndoas torradas -o snoubar, também conhecido como pignoli, é uma opção disponível para maior autenticidade. É servido com batatas coradas e brócolis.
Parece prato do Asterix -serve dez pessoas facilmente e custa de R$ 500 a R$ 600, dependendo do recheio.

Basturmá e arais
Além dos tradicionais quibe cru, kafta, babaganuch, tabule e homus (excelente), Carlinhos serve pratos especiais como o basturmá (carne bovina salgada e condimentada, depois finamente fatiada) com ovos fritos na manteiga (gema mole, para se raspar o prato com pão) e o arais, uma criação dele: um pão pita recheado de kafta amassada, que é colocado na chapa para ficar crocante. É irresistível.
Foi criado quando o cozinheiro tentava fazer algo parecido com uma esfiha, mas que fosse de preparo mais rápido e prático. Pode ser temperado com mais alho, a pedido, ou ganhar uma camada de parmesão ralado, que aumenta o sabor sem umedecer o pão.
O cardápio, uma mistura típica de quem tenta agradar a vários públicos, inclui ainda peixes, aves, risotos e massas -além, é claro, da picanha.
A clientela é formada principalmente pela colônia armênia e por quem trabalha no movimentado comércio do bairro. Mas já começa a aparecer uma moçada de outras regiões.
O serviço de bar é eficiente; há boa variedade de cervejas nacionais e alemãs, além de cachaças artesanais. Há pouca oferta de vinhos e falta uma adega climatizada, prometida para os próximos meses. O serviço poderia ser também aperfeiçoado, mas nada disso impede que o restaurante entre definitivamente no roteiro gastronômico da cidade.


CARLINHOS RESTAURANTE
Onde: r. rua Rio Bonito, 1.641, Pari, tel. 0/xx/11/3315-9474
Funcionamento: seg. a sex., das 11h30 às 15h, sáb., das 11h30 às 16h


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