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Cinema/estréias
Renúncias de "Elizabeth" seduziram Cate Blanchett
Atriz, indicada ao Oscar, volta a viver rainha em filme centrado em conflitos interiores
"A Era do Ouro", de Shekhar Kapur, estréia nove anos depois do filme original, mostrando fim de um ciclo no reinado de Elizabeth 1ª
DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES
Desde o lançamento de "Elizabeth - A Era do Ouro" nos
EUA, no fim do ano passado, a
australiana Cate Blanchett tem
sido apontada como favorita ao
Oscar de melhor atriz. A indicação pela atuação como a rainha
britânica no filme, que chega
hoje aos cinemas brasileiros,
veio junto de outra, a de atriz
coadjuvante, por "Não Estou
Lá" (previsto para estrear em
março), em que vive Bob Dylan.
Mas ela recebe os elogios
com serenidade. "Não se pode
fazer um filme pensando em
premiações. Dou sempre o melhor de mim, e isso me deixa satisfeita", disse Blanchett, 38,
em entrevista à Folha em Los
Angeles. Mesmo despida da
longa cabeleira ruiva, da armadura e dos suntuosos vestidos
de época que enverga no longa
dirigido por Shekhar Kapur, ela
tem uma figura imponente.
Grávida de seu terceiro filho,
que deve nascer em abril, ela
fala com segurança e não precisa se esforçar para ser elegante.
O primeiro filme em que ela
interpretou a "rainha virgem",
do mesmo diretor, foi indicado
em sete categorias no Oscar de
1999, incluindo melhor atriz,
mas levou só o de maquiagem.
Naquele ano, Blanchett ficou
com o Globo de Ouro.
Na continuação da saga, nove
anos depois, é a atuação de
Blanchett que sobressai novamente: "Elizabeth - A Era do
Ouro" foi muito criticado, em
especial quanto à sua fidelidade histórica. O filme começa
em 1585, quando a rainha tem
52 anos, mas a atriz encarna
um mito que não tem idade.
"Como cineasta, Shekhar não
está interessado em retratar literalmente a cronologia. O seu
foco era o fim do ciclo da rainha, um período, e me concentrei nisso", diz a protagonista.
Foi o interesse de Kapur em
mostrar Elizabeth no ápice de
sua vida e seu reinado que a seduziu. "É uma mulher que faz
escolhas e as assume, de acordo
com o que pensa ser o seu destino. Entrega-se à tarefa de liderar um povo, com todas as
renúncias que tal missão traz."
Solteira, sem filhos, espreitada pela prima católica Maria
Stuart (rainha da Escócia até
1567), que desejava lhe tomar o
trono, Elizabeth deixa transparecer dúvidas e medo. "Nós ingenuamente acreditamos em
romance. No entanto, se ela tivesse casado e tido crianças,
abraçaria um papel de coadjuvante que não lhe serviria", comenta Blanchett. "Sem dúvida,
desta vez os seus conflitos interiores ficam mais evidentes [do
que no longa anterior]."
Kapur é um dos poucos diretores de Bollywood que conseguiram fazer o caminho até o
cinema ocidental. Diz não se
importar com os julgamentos
sobre "A Era do Ouro".
"Gosto das discussões levantadas quando as pessoas discordam da minha visão", afirma. "Porém, não estou fazendo
história, e sim tentando compreender por que a história foi
contada da maneira como foi.
Fico fascinado com a construção dos mitos e busco olhar os
seres humanos por trás deles.
Assim, é possível entender
muito das sociedades."
A jornalista DENYSE GODOY viajou a convite da
Universal.
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