São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cinema/estréias

Renúncias de "Elizabeth" seduziram Cate Blanchett

Atriz, indicada ao Oscar, volta a viver rainha em filme centrado em conflitos interiores

"A Era do Ouro", de Shekhar Kapur, estréia nove anos depois do filme original, mostrando fim de um ciclo no reinado de Elizabeth 1ª

DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

Desde o lançamento de "Elizabeth - A Era do Ouro" nos EUA, no fim do ano passado, a australiana Cate Blanchett tem sido apontada como favorita ao Oscar de melhor atriz. A indicação pela atuação como a rainha britânica no filme, que chega hoje aos cinemas brasileiros, veio junto de outra, a de atriz coadjuvante, por "Não Estou Lá" (previsto para estrear em março), em que vive Bob Dylan.
Mas ela recebe os elogios com serenidade. "Não se pode fazer um filme pensando em premiações. Dou sempre o melhor de mim, e isso me deixa satisfeita", disse Blanchett, 38, em entrevista à Folha em Los Angeles. Mesmo despida da longa cabeleira ruiva, da armadura e dos suntuosos vestidos de época que enverga no longa dirigido por Shekhar Kapur, ela tem uma figura imponente.
Grávida de seu terceiro filho, que deve nascer em abril, ela fala com segurança e não precisa se esforçar para ser elegante. O primeiro filme em que ela interpretou a "rainha virgem", do mesmo diretor, foi indicado em sete categorias no Oscar de 1999, incluindo melhor atriz, mas levou só o de maquiagem.
Naquele ano, Blanchett ficou com o Globo de Ouro.
Na continuação da saga, nove anos depois, é a atuação de Blanchett que sobressai novamente: "Elizabeth - A Era do Ouro" foi muito criticado, em especial quanto à sua fidelidade histórica. O filme começa em 1585, quando a rainha tem 52 anos, mas a atriz encarna um mito que não tem idade.
"Como cineasta, Shekhar não está interessado em retratar literalmente a cronologia. O seu foco era o fim do ciclo da rainha, um período, e me concentrei nisso", diz a protagonista. Foi o interesse de Kapur em mostrar Elizabeth no ápice de sua vida e seu reinado que a seduziu. "É uma mulher que faz escolhas e as assume, de acordo com o que pensa ser o seu destino. Entrega-se à tarefa de liderar um povo, com todas as renúncias que tal missão traz."
Solteira, sem filhos, espreitada pela prima católica Maria Stuart (rainha da Escócia até 1567), que desejava lhe tomar o trono, Elizabeth deixa transparecer dúvidas e medo. "Nós ingenuamente acreditamos em romance. No entanto, se ela tivesse casado e tido crianças, abraçaria um papel de coadjuvante que não lhe serviria", comenta Blanchett. "Sem dúvida, desta vez os seus conflitos interiores ficam mais evidentes [do que no longa anterior]."
Kapur é um dos poucos diretores de Bollywood que conseguiram fazer o caminho até o cinema ocidental. Diz não se importar com os julgamentos sobre "A Era do Ouro".
"Gosto das discussões levantadas quando as pessoas discordam da minha visão", afirma. "Porém, não estou fazendo história, e sim tentando compreender por que a história foi contada da maneira como foi. Fico fascinado com a construção dos mitos e busco olhar os seres humanos por trás deles.
Assim, é possível entender muito das sociedades."


A jornalista DENYSE GODOY viajou a convite da Universal.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Comentário: Atriz está muito acima das colegas de Hollywood
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.