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TEATRO
Penúltima peça da inglesa Sarah Kane deve estrear em agosto em SP
"Crave" traz crueza e humor apaixonados
Alexandre Wittboldt/Divulgação
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A atriz Cristina Flores em cena de "Purificado", peça da inglesa Sarah Kane dirigida por por Felipe Vidal, que estréia hoje em SP |
DA REPORTAGEM LOCAL
O ator Laerte Mello, da Três de
Sangue Cia. de Teatro, assistiu à
estréia de "Crave" em agosto de
98, no Festival de Edimburgo, Escócia. Na encenação de Vicky
Featherstone, a peça de Sarah Kane chegou ao palco com quatro
intérpretes e respectivas cadeiras.
Em cena, os atores deitavam o
verbo, como se diz, sobre narrativas dos personagens A, B, M e C
em torno de suas experiências
amorosas, sejam elas sexuais, maternais ou abusivas.
"Com figurinos despojados, como se tivessem chegado do trabalho, os personagens sentavam e
não se relacionavam um com o
outro. Nada acontecia e tudo
acontecia", diz Mello, 37.
A crueza e o humor apaixonados com os quais a autora cria os
monólogos superpostos em "Crave" cativaram Mello para a obra
de Kane.
Curador do Festival Cultura Inglesa em São Paulo, ele adquiriu
os direitos dessa e da primeira peça da autora, "Blasted".
"Crave" (escrita sob pseudônimo Marie Kelvedon) deve estrear
em agosto e "Blasted", em fevereiro do próximo ano, ambas em espaços a definir.
A Três de Sangue mantém-se
coerente com a dramaturgia britânica. Montou "Shopping and
Fucking", de Mark Ravenhill (a
quem "Crave" é dedicada), e retomou um Harold Pinter dos anos
70, "Traição" ("Betrayal"), atualmente em cartaz.
Segundo o pesquisador Fernando Kinas, curador do projeto Teatro Francês Contemporâneo, que
o Consulado da França e o Sesc
São Paulo organizam durante
2002, a dramaturgia de Kane irradiou por países da Europa, sobretudo Alemanha e França (hoje, a
autora é montada em pelo menos
14 países, Brasil incluído).
"O retrato do mundo urbano
contemporâneo é uma das marcas do teatro de Sarah Kane, que
morou parte da vida em Londres,
conviveu com a violência de uma grande cidade. A violência se reflete nas próprias frases curtas, sem floreios, breve e diretas", afirma Kinas, 35.
Em 2001, The Royal Court Theatre, um dos templos da vanguarda inglesa, em Londres, realizou uma retrospectiva dos cinco textos de Kane. Para Laerte Mello, é possível diagnosticar a influência de Kane entre os novos autores britânicos. Cita o exemplo de Grae Cleugh, de "Fucking Games". De uma forma indireta, encontram-se estilhaços de Kane em autores brasileiros contemporâneos como Dionisio Neto, Mário Bortolotto e Newton Moreno, cada um a seu modo. (VS)
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