São Paulo, sexta-feira, 15 de março de 2002

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Rock pilhado

Bandas suecas "saqueiam" mercado europeu com disco de ouro e turnês de shows esgotados

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Os saques infligidos ao Reino Unido entre os séculos 8 e 10 se repetem. Desta vez, os vikings estão "pilhando" os jovens consumidores britânicos via música pop.
Liderada pelas suecas The Hives e The Soundtrack of Our Lives, essa horda armada com guitarras foi, ao lado das ianques Strokes, White Stripes e Black Rebel Motorcycle Club, responsável por fazer o bom rock voltar a ter sua devida importância.
Na cola de Hives e TSOOL, outros grupos do país estão sendo notados, formando (ou não) uma cena: Division of Laura Lee, as garotas do Sahara Hotnights, Andreas Johnson e Silverbullit, considerado o Joy Division da Suécia.
Os vikings agora preparam abordagem às terras brasileiras. Com atraso, a Trama lança no mês que vem "Veni Vidi Vicious", segundo disco do Hives (leia texto ao lado).
Atitude semelhante não foi tomada pela Warner, casa do Soundtrack. Aclamado pela crítica por "Behind the Music", seu terceiro álbum, o grupo viajou por toda a Europa para shows com ingressos esgotados. No momento, faz a primeira turnê pelos Estados Unidos.
Para falar sobre a "cena" escandinava e as "irritantes" comparações com Oasis, a Folha ouviu Ebbot Lundberg, fundador e vocalista do TSOOL.

Folha - Em uma entrevista, você disse que "Definitely Maybe", do Oasis, é o melhor disco dos anos 90. É uma inspiração para a banda?
Lundberg -
Quando disse isso?

Folha - No começo do ano, para um jornal inglês.
Lundberg -
Não, aquilo foi um mal-entendido. O jornalista escreveu errado. Eu estava falando do nosso primeiro álbum. É que eles nos compararam com Oasis, e aí eu disse que isso era bom para eles, pois nós tínhamos feito o melhor álbum dos 90.

Folha - Essa comparação o irrita?
Lundberg -
Não acho que somos parecidos com eles, talvez algumas músicas. Nunca gostei muito de Oasis. Acho que são OK, melhores do que muitas bandas por aí.

Folha - Do que você gosta?
Lundberg -
John Coltrane, coisas dos anos 20. Claro que gosto também do velho punk americano, Residents, Captain Beefheart...

Folha - Existe mesmo uma forte cena rock escandinava?
Lundberg -
Não sei se podemos chamar de cena. Há um monte de bandas interessantes, como Silverbullit, Euroboys, Hives, Flaming Sideburns [da Finlândia".

Folha - Por que o sucesso dessa cena veio apenas no ano passado?
Lundberg -
Porque os ingleses nos rotularam como uma cena no ano passado. Talvez porque o técnico da seleção de futebol deles seja sueco... [risos"

Folha - Você acha que há similaridades entre TSOOL e Hives?
Lundberg -
A energia no palco é parecida, a psicodelia "garage" também. Mas somos um pouquinho mais velhos do que eles.

Folha - Por que as bandas que estão hypadas hoje como TSOOL, Hives, Strokes carregam tanta influência do velho rock?
Lundberg -
É o que as pessoas que amam escutar música estão procurando hoje em dia.

Folha - Diferentemente dessas outras bandas, vocês não têm tanta preocupação com o visual, com suas roupas. Por quê?
Lundberg -
A banda é o que você vê: seis diferentes cachorros num palco [risos". Não nos preocupamos com visual, estilo.

Folha - Já que você diz que seu primeiro álbum é o melhor dos 90, como classificaria o último?
Lundberg -
É o melhor deste novo século [risos]!



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