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Crítica/"Um Amor Sublime"
Filme sobre jovem em crise mantém essência da literatura de Murakami
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das maneiras mais
rápidas de explicar o
universo de Haruki
Murakami a um neófito é dizer
que se trata de uma mistura de
David Lynch com J.D. Salinger,
algo entre o surreal e o concreto dia-a-dia mundano.
Não que falte "tempero" nacional a um dos nomes mais conhecidos da literatura japonesa
atual. À sua paixão pelo Ocidente Murakami empreende
descrições detalhadas de cenários e hábitos locais. Ler sua
obra é transpor-se imediatamente para as coloridas e frenéticas ruas de Tóquio.
"Um Amor Sublime" (2007),
baseado no conto "All God's
Children Can Dance" (todos os
filhos de Deus podem dançar),
é o segundo longa que tenta traduzir o rico imaginário de Murakami em imagens. Em termos cinematográficos, tem
mais ousadias que o correto
"Tony Takitani" (2004, de Jun
Ichikawa), apesar da estética de
cores quentes e silêncios, calcada no chinês Wong Kar-wai.
Primeiro longa do pouco conhecido Robert Logevall, o filme "americaniza" Murakami
ao levar a trama para Los Angeles, com diálogos em inglês.
Não se trata de um problema, já
que a essência do conto permanece. Temos aqui Kengo, jovem
em constante crise existencial,
em busca da identidade de seu
pai. Desde o nascimento, sua
mãe, uma fanática religiosa, insiste em dizer que ele é, literalmente, filho de Deus.
O simples fato de o diretor
não incluir narrações em off,
recurso tão comum quando se
trata de adaptações para o cinema e que pode se transformar
em muleta, já demonstra uma
ambição maior.
O problema reside na própria
escolha do texto, que não é dos
mais memoráveis do autor -de
personagens inesquecíveis, como o sujeito que se veste de carneiro, outro que entende o que
os gatos falam, além do insensível "homem de gelo".
UM AMOR SUBLIME
Lançamento: Imagem (só locação)
Classificação: não indicado a menores
de 14 anos
Avaliação: regular
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