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Crítica/show
Abril pro Rock consagra Wildner e pianista jovem
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
Em sua 16ª edição, o
Abril pro Rock conseguiu equilibrar bem a
vocação de plataforma do alternativo nacional com a necessidade de atrair um público que,
na maioria das vezes, demanda
mais do mesmo.
E quem foi atrás do novo Brasil nos dois dias do festival (sexta e sábado), no Chevrolet Hall,
saiu com grandes memórias,
ambas do sábado: a ousadia do
pianista pernambucano Vítor
Araújo, 18, e a catarse do veterano Wander Wildner -a
quem talvez ainda faltasse alguma consagração.
O garoto de background erudito deu a "Paranoid Android",
do Radiohead, ares de Debussy
e Bach, acento de jazz a Chico
Buarque, e algumas lições às
muitas bandas ainda verdes, ou
meramente imitativas, do festival. Araújo mostrou personalidade e discurso próprio e enfrentou sem medo as dificuldades sonoras do palco 2, percebidas em outros shows, mas realmente cruéis com o piano solo.
Mesmo assim, foi em transe
que centenas de pessoas se apinharam perto das caixas de
som para vê-lo transitar, em estado de hipnose, pelo frevo e
por Villa-Lobos. Virou o momento único, a imagem a ser
trazida do Recife.
Por sua vez, Wildner, reforçado por gaita (acordeon, segundo os gaúchos) e metais
convidados, desfilou no palco 1
seu punk-brega descarado e
acabou tendo a melhor resposta de público do sábado.
O simpático toque frevo de
"Eu Tenho uma Camiseta Escrita Eu te Amo" ganhou a noite para o gaúcho, que fez possivelmente o grande show de sua
carreira.
Na noite de Lobão, Céu e
Datsuns (Nova Zelândia), os
gaúchos do Superguidis exibiram, com raça e paixão, um powerpop que merece ser ouvido
mais vezes e fizeram o melhor
show em língua pátria dos palcos secundários, tomados por
anglófonos -o que não é crítica
quando há gente antenada e
precisa, como os pernambucanos do Sweet Fanny Adams,
mas uma constatação.
Na noite de sexta, que teve
New York Dolls (ótimo) e Bad
Brains (nem tanto), os destaques do novo Brasil foram The
Sinks (RN) e Vamoz (PE). Os
potiguares têm peso e melodia,
entre o stoner, o Nirvana e o
Weezer e deram (bom) refrão
em inglês a quem precisa. O Vamoz, extremamente dinâmico
nas guitarras, honrou a ebulição rock que sempre se espera
do Recife.
Avaliação: bom
O jornalista MÁRVIO DOS ANJOS viajou a convite da organização do Abril pro Rock
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